Com a presença de representantes de parques tecnológicos do mundo todo, o Tecnopuc recebeu nesta terça-feira (19) a Conferência da Iasp (International Association of Science Parks and Areas of Innovation), que abordou o tema “Aliança para Inovação – Conectando a América Latina para o Impacto”. Na segunda-feira (18), os participantes realizaram visitas técnicas a três ambientes de inovação do Rio Grande do Sul – Tecnosinos, Zenit e Instituto Caldeira. As visitas foram finalizadas na terça-feira, no Tecnopuc, onde também foram apresentados painéis. A programação do evento vai até quarta-feira (20), quando se conecta ao South Summit Brazil 2024.
O painel dedicado ao futuro dos parques tecnológicos ocorreu durante a tarde desta terça e reuniu Adriana Faria, presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e diretora executiva do Centro Tecnológico de Desenvolvimento Regional de Viçosa (MG); Carol Stewart, presidente da Divisão Norte-Americana da Iasp (EUA) e vice-presidente da Tech Parks Arizona (EUA); Carina Rapetti, gerente de Projeto da La Salle Barcelona; e Ebba Lund, CEO da Iasp. As especialistas deixaram claro que o futuro dos parques tecnológicos passa pela interconexão e colaboração. “Precisamos achar formas de trabalharmos juntos”, defendeu Adriana – que, ao final do evento, foi anunciada como a nova presidente da Divisão Latino-americana da Iasp.
Pela manhã, os painéis apresentaram a evolução dos ecossistemas de inovação, com destaque para Porto Alegre. Na abertura, Juan Pablo Suárez Chacón, diretor do Parque Científico y Tecnológico UTPL e então presidente da Divisão Latino-americana da Iasp (Equador), celebrou o trabalho em rede que vem sendo realizado, classificado por ele como “mais potente do que aquilo que podemos fazer individualmente”. Superintendente de Inovação e Desenvolvimento da PUCRS e do Tecnopuc, Jorge Audy falou sobre o cenário de inovação e comemorou os resultados: “A inovação sequer faz sentido se não melhorar as condições de vida das pessoas”.
Em seu keynote sobre distritos de inovação, Josep Piqué, presidente do Technova Barcelona – La Salle Innovation Park, discorreu a respeito da nova tendência das cidades da economia do conhecimento, em que há espaços para viver e trabalhar, com propósito de prosperidade econômica e social. Ele citou o 4º Distrito, em Porto Alegre, como exemplo de região industrial que se regenerou e se transforma em um polo de inovação.
O painel seguinte abordou o desenvolvimento regional. A secretária estadual de Inovação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, Simone Stülp, disse que o Estado tem trabalhado para conectar os ambientes de inovação. O território gaúcho abriga 18 parques tecnológicos e 48 instituições de ciência e tecnologia, afirmou a secretária. “Cabe ao governo fazer a articulação”, salientou.
Os movimentos da capital gaúcha em favor da inovação e sua importância foram destacados pelo secretário municipal de Inovação de Porto Alegre e coordenador do Pacto Alegre, Luiz Carlos Pinto. “Estamos investindo muito na transformação digital da cidade. No futuro, a inclusão digital será tão importante como ler e escrever”, comentou.
Já José Renato Hopf, presidente do South Summit Brazil, enfatizou o “momento único” vivido pelo Estado e por Porto Alegre. “O que fazemos hoje é muito avançado. Há uma mudança de mindset”, ressaltou.
Depois, Santiago Uribe Rocha, diretor executivo da Corporación Oficina de Resiliencia de Medellin, apresentou o seu keynote sobre cidades resilientes e áreas de inovação levantando a questão das periferias. Como levar a inovação até essas regiões?, questionou. Uribe citou o exemplo de Medellin, na Colômbia, que gerou um processo educativo para apoiar a inovação, com concessão de bolsas a estudantes, inclusive no Exterior. “Os ecossistemas vão gerando movimentos, e os jovens têm espaço na promoção da inovação”, apontou.
Ao final do evento, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, fez um pronunciamento, iniciando por um pedido para que a inovação chegue a toda a população e destacando a presença de mulheres na gestão da Iasp. Depois, listou iniciativas do governo federal no campo de atuação do ministério. “No governo do presidente Lula, entendemos que o desenvolvimento que queremos passa necessariamente por uma nova industrialização do país que esteja baseada na inclusão social e na sustentabilidade. Grandes problemas sociais são um desafio ao nosso país”, declarou.
A ministra lembrou que o governo lançou o programa Mais Inovação, que combina uma série de instrumentos de apoio às empresas. Até 2026, serão R$ 41 bilhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico para apoiar projetos, anunciou. “Em 2023, o ministério investiu cerca de R$ 557 milhões em 16 projetos de parques tecnológicos e de inovação e em 32 projetos em operação. Esses investimentos têm fortalecido parques de renome, como o Tecnopuc. A inovação é a chave para nosso futuro, para enfrentar o desafio da desigualdade e da sustentabilidade”, disse a ministra.