Na nova economia, as cidades retomam a função de centro produtivo que haviam perdido quando a produção em massa se tornou o modelo produtivo dominante. De fato, a cidade é o melhor lugar para a produção da crescente demanda de serviços por parte das empresas de todas as indústrias (HAUSER, 2016). Nesse cenário, as cidades e regiões competem para ampliar sua importância baseadas em tecnópoles e/ou ecossistemas de inovação.

Castells e Hall (1994) definem tecnópoles como projetos regionais planejados por agentes públicos e privados com visão de futuro, em conjunto com universidades e centros de pesquisa, com a finalidade de guiar as transformações que estão incidindo sobre a sociedade, a economia e os territórios. Outros estudos, com diferentes abordagens, analisam as relações entre território e inovação.

O debate recente que trata das relações entre território e inovação apresenta duas linhas tipológicas principais: i. os espaços planejados para abrigar as empresas inovadoras cujo principal modelo são os parques tecnológicos ou; ii. os espaços espontâneos que concentram empresas da nova economia, coexistindo com outras funções do espaço urbano, denominados de ambientes inovadores urbanos (TUNES, 2015).

Os ambientes inovadores urbanos são áreas da cidade, sem uma predefinição de tamanho, onde predominam relações informais e processos de aprendizagem interativos a partir dos relacionamentos entre empresas inovadoras de setores econômicos diferentes.  O burburinho e o estar juntos que esses ambientes possibilitam são fundamentais para a inovação. A sinergia que muitas vezes falta nos parques tecnológicos tem, nessa forma urbana, uma forte função na promoção das relações de cooperação e interação entre as empresas, resultando em produtos inovadores.

Alguns exemplos desses ambientes são: a cidade multimídia de Montreal, o San Francisco Mission Bay, o LX Factory de Lisboa, a Vila Flores de Porto Alegre, entre outros. O principal aspecto comum entre eles é o fato de tratar-se de espaços urbanos com concentração de atividades inovadoras em áreas de usos mistos.

Muitas cidades possuem aglomerações espontâneas de atividades inovadoras que são pouco conhecidas pelos seus moradores. O objetivo deste grupo temático é conhecer e propor diretrizes para a divulgação e valorização dos ambientes urbanos de inovação brasileiros.

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Líder temático: Ghissia Hauser

É arquiteta, doutora em Educação em Ciências pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e mestre em Desenvolvimento Econômico e Social pela Université Paris 1. Atuou como Secretária Adjunta de Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico do Rio Grande do Sul, Supervisora de Desenvolvimento Tecnológico na Prefeitura de Porto Alegre e Gerente do Porto Alegre Tecnópole. Desenvolveu estudos sobre ambientes urbanos de inovação no IV Distrito de Porto Alegre. Atualmente é professora do mestrado em Inovação da Foreign Trade University do Vietnam, a convite da Universidade de Nantes, França, e atua na Diretoria de Incentivo ao Desenvolvimento, da Fundação de Planejamento Metropolitano e Regional.