É certo afirmar que, há vários anos, e, provavelmente, com maior intensidade nos últimos, um desejo quase que sistêmico de incentivar o empreendedorismo cresce no mundo inteiro, se apresentando como uma das principais saídas para promover o tão necessário desenvolvimento sustentável de cidades e regiões. Segundo a Endeavor Brasil, (Índice de Cidades Empreendedoras, 2014), por trás de todas as iniciativas está a crença de que o empreendedorismo alimenta a inovação e o crescimento. As empresas ganham escala e, com elas, crescem também as pessoas, o mercado e as possibilidades de transformação da sociedade. Um Brasil com mais e melhores empreendedores, conscientes do seu papel na sociedade, tem grande chance de ser um país melhor para todos os que vivem aqui. Isso já foi frisado anteriormente por Dolabela (2006), ao apontar que o empreendedor é o responsável pelo crescimento econômico e pelo desenvolvimento social.
A inovação dinamiza a economia. O conceito de empreendedorismo trata não só de indivíduos, mas de comunidades, cidades, regiões e países. Implica a ideia de sustentabilidade. O empreendedorismo é a melhor arma contra o desemprego. E tudo isso confirma a visão de Timmons (1994), que, há mais de duas décadas, declarou que, “o empreendedorismo é uma revolução silenciosa, que será para o século 21 mais do que a revolução industrial foi para o século 20”.
E, no empenho de nos fazer mergulhar na reflexão de que o desenvolvimento empreendedor é um fenômeno de comunidades e de cidades, é importante recorrermos a Franco (2000), quando ele descreve que o empreendedorismo significa protagonismo social, ruptura de laços de dependência e crença dos indivíduos e das comunidades na própria capacidade de construir seu desenvolvimento pela cooperação entre os diversos âmbitos político-sociais que a caracterizam. Em poucas palavras: assumir responsabilidade pela construção de seu próprio destino. Aqui estão embutidos dois conceitos importantes: a capacidade da comunidade de tornar dinâmica as suas potencialidades; e a localidade como palco do desenvolvimento, isto é, “como espaço para o exercício de novas formas de solidariedade, parceria e cooperação”.
E o desafio de criar um plano local de desenvolvimento de empreendedorismo é gigante, dada a complexidade e a interdependência do ambiente brasileiro. Por mais que o Governo Federal pense a nível nacional em iniciativas de fomento ao empreendedorismo, a maioria dos recursos necessários está disponível local ou regionalmente. Essa realidade traz para o papel de protagonista o formulador de política pública regional e muitas outras instituições, como bancos, a mídia e as universidades.
Devemos, também, pensar nas cidades mais distantes dos grandes centros, que são prejudicadas por terem mercados menores, menos acesso a financiamento e uma infraestrutura restrita. Contudo, várias dessas cidades têm investido na criação de estruturas de apoio a empreendedores, com reflexos diretos na cultura empreendedora e, consequentemente, na vontade de empreender. O engajamento e o otimismo com o empreendedorismo de resultados pode ser o combustível necessário para transformar essas regiões.
Para finalizar, diante da abrangência e do relativo grau de ineditismo embutido no tema Cidades Empreendedoras, é interessante deixar uma pergunta para todos nós: quais outros caminhos igualmente importantes, além do empreendedorismo de negócio, devem nortear o desenvolvimento de um munícipio ou região rumo ao status de Cidade Empreendedora?
Precisamos contar com a motivação e a colaboração de todos para avançarmos nesse tema junto a nossa Associação.
Líder Temático: Rogério Abranches da Silva
Professor, administrador, especialista em empreendedorismo e mestre em Educação. É ex-presidente da Rede Mineira de Inovação (RMI) e coordenador do Núcleo de Empreendedorismo e Inovação do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), em Santa Rita do Sapucaí – MG.