Conduzido pelo professor de empreendedorismo do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), Marcelo Nakagawa, o minicurso “Onde está o capital?” abordou as possibilidades de captação de recursos para empreendedores, onde buscá-los e como aumentar as chances de obter o investimento. Foram abordados recursos de entidades como BNDES, Finep, CNPq, BNB, Basa, FAPs, Senai, Apex-Brasil e Sebrae.
O minicurso contou com a participação especial do coordenador nacional do programa Serviços em Inovação e Tecnologia (Sebraetec), Pedro Pessoa, do consultor de empresas na Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (Abvcap) e sócio-diretor da Zooks, Christian de Castro, e do vice-presidente da Abvcap, Clovis Meurer.
Meurer destacou que não é a falta de recursos que impede que os investimentos sejam feitos. “Temos dinheiro, e não só para grandes operações, via private equity. Também existem recursos para venture capital. A minha pergunta é: onde estão os projetos?”.
Investimentos de venture capital começaram a acontecer no Brasil em 1994, e de lá pra cá já foram mais de 1 mil empresas investidas por meio de 624 fundos. “Apesar de ainda termos problemas relacionados a uma legislação mais eficiente e um sistema tributário de mais incentivo, temos um cenário com investidores, gestores, cases de sucesso e um ambiente regulatório”, analisa.
Castro, da Abvcap, destaca que a participação do investidor vai além do aporte financeiro. “Um fundo agrega mais que dinheiro. Agrega também inteligência, ampliando as possibilidades do empreendedor, com uma boa rede de contatos, executivos qualificados, identificação de gaps a serem superados”, destaca. “Por isso chamamos de capital empreendedor em vez de capital de risco. O investidor empreende junto, entra como sócio do negócio”.
Primatec
Paralelamente, o minicurso “Como acessar o capital de risco nas incubadoras e parques tecnológicos: caso Primatec” discutiu o modelo de relacionamento entre redes de incubadoras e parques com fundos de capital de risco.
O gerente do Departamento e Investimento em Fundos da Finep, Guilherme Mantovan, o diretor e fundador do Instituto Gênesis, José Alberto Sampaio Aranha, o gestor nacional do Fundo Primatec e diretor-presidente e sócio fundador da Antera Gestão de Recursos S/A, Robert Binder, e o diretor executivo da Brain Ventures Gestão de Negócios S.A., Marcelo Almeida, falaram sobre o caso Primatec.
O Primatec é um fundo de investimento em participações vinculado à Finep e direcionado a empreendimentos residentes ou graduados em incubadoras e parques tecnológicos e que tenham alto potencial de crescimento e geração de valor. “Pela primeira vez estamos levando venture capital para dentro das incubadoras”, destaca Almeida. O investimento via Primatec acontece na forma de compra de participação acionária nas empresas. Dessa forma, o fundo aporta recursos em troca de ações, ou seja, vira sócio do negócio. “A expectativa é de que o índice de quebra de empreendimentos investidos via Primatec seja muito inferior ao que acontece normalmente, porque se tratam de empresas protegidas e apoiadas”, ressalta Binder.
O Primatec prevê a articulação com agentes de fomento locais e, durante o minicurso, foram discutidos o funcionamento do fundo, o processo de seleção dos empreendimentos, os investimentos previstos e a elegibilidade das propostas. “Estamos propondo uma disseminação da cultura do investimento. O que falta são pessoas locais que entendam como gerir um fundo”, observa Aranha.
A presidente da Anprotec, Francilene Garcia, destacou o papel da Associação na articulação entre o fundo e a rede de incubadoras e parques. “A Anprotec tem o papel de dar essa liga entre os seus associados, para contribuir com a construção de uma ferramenta robusta como esse fundo, que possibilite uma comunicação melhor entre esses dois mundos. Nas nossas incubadoras e parques não temos técnicas para analisar negócios mais preparados a investimentos”, avalia. “Além disso, o Primatec pode gerar uma mobilidade de empresas e técnicos que vai provocar uma circulação de ideias. Assim vamos criar uma ambiência com gestores mais dinâmicos, atentos ao atual cenário, que passa pelo capital empreendedor”, conclui.
* Fotos: Roberto Ribeiro. Confira a cobertura fotográfica completa aqui.