O XVIII Encontro Nacional FORTEC, realizado de 3 a 6 de novembro no Campus I da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, destacou o avanço da inovação no Brasil e os desafios futuros em um painel de especialistas intitulado “Acelerando a Inovação Aberta: Interação Inteligente entre Universidade/ICT/Empresa/Startup.” A mesa contou com a participação de Adriana Faria, presidente da Anprotec e Diretora Executiva do Parque Tecnológico de Viçosa (tecnoPARQ/UFV), Raquel Chebabi, Diretora do Think Lab Brasil, IBM Research, e membro do Conselho de Administração da ANPEI, Elias Ramos de Souza, Diretor de Inovação na FINEP, e Rafael Pontes, Gerente de Relacionamento Federativo na RNP, sob a moderação de Ricardo Pereira, Conselheiro Consultivo do FORTEC.
O evento, organizado pela Associação Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia (FORTEC), reuniu atores-chave do Sistema Nacional de Inovação, trazendo uma agenda robusta em Propriedade Intelectual, Transferência de Tecnologia e Inovação. Sob o tema “Inovação no Brasil: 20 anos de avanços e um olhar para o futuro”, o encontro incentivou a colaboração entre setores governamentais, acadêmicos e industriais para impulsionar a inovação no Brasil.
O moderador da mesa, Ricardo Pereira, abriu o painel discutindo as modalidades de inovação aberta e como diferentes atores podem interagir para impulsionar o setor. Em seguida, Elias Ramos de Souza apresentou o papel estratégico da Finep em fortalecer a colaboração entre Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) e o setor empresarial. “A Finep e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) têm priorizado a parceria ICT-Empresa, incentivando a participação das ICTs em projetos de pesquisa e desenvolvimento com empresas, uma colaboração que se tornou critério obrigatório em editais de subvenção econômica”, explicou Souza. Ele destacou que o número de ICTs envolvidas em projetos da Finep cresceu de 73 em 2022 para 96 em 2023, demonstrando o sucesso dos incentivos.
Raquel Chebabi trouxe a visão da ANPEI sobre a importância de conectar grandes empresas a startups, fundamental para o aumento da competitividade nacional. Segundo ela, o Brasil melhorou no Global Innovation Index, subindo da 66ª posição em 2020 para a 50ª em 2024. Apesar desse avanço, Chebabi alertou que 75% das patentes ainda são depositadas por universidades, destacando a necessidade de maior integração entre academia e mercado: “O desafio está em aumentar a eficiência na comunicação entre esses setores e garantir que a inovação tenha uma aplicação prática”.
Já Adriana Faria, presidente da Anprotec, reforçou a importância de superar o “vale da morte”, uma etapa crítica na trajetória das startups que frequentemente as leva ao fracasso devido à falta de infraestrutura e financiamento adequados. “Em áreas de alta complexidade, como biotecnologia e inteligência artificial, incubadoras e parques tecnológicos oferecem o suporte essencial em todas as etapas de desenvolvimento das startups”, ressaltou Faria. Ela também comentou que, embora o Brasil ocupe a 13ª posição mundial em produção científica, ainda falta uma conexão direta entre pesquisa acadêmica e mercado. Para Adriana, a transferência de tecnologia deve ocorrer desde a gênese dos projetos de pesquisa, trazendo para este o momento a interação entre ICT-Empresa, transformando o tradicional “technology push” em um “market pull” efetivo, onde a pesquisa é orientada pela demanda de mercado.
Ao final do painel, Rafael Pontes, da RNP, destacou que, embora o Brasil tenha um desempenho notável em pesquisa e propriedade intelectual, há uma desconexão entre o conhecimento produzido e o mercado. “Precisamos alinhar o foco de nossas universidades, promovendo a divulgação das áreas de competência em que somos excelentes”, afirmou Pontes, propondo que as universidades e ICTs devem anunciar suas áreas de expertise e valorizar seus resultados para atrair colaborações estratégicas.
Com contribuições relevantes de cada um dos participantes, o painel foi uma oportunidade de reflexão sobre o papel fundamental das universidades, ICTs e empresas na aceleração da inovação aberta no Brasil. A participação da Anprotec reforçou a importância do papel dos ambientes de inovação, como incubadoras e parques tecnológicos, que se tornam pontos de encontro essenciais entre a pesquisa e o mercado. O evento consolidou o papel do FORTEC como um espaço de diálogo e construção conjunta para fortalecer o ecossistema de inovação brasileiro, incentivando uma colaboração mais estreita entre os setores e uma melhor compreensão do valor estratégico das ICTs e startups no desenvolvimento econômico e social do país.