Na manhã do segundo dia da Conferência Anprotec, durante o Painel 2 – Inovação Aberta, os participantes do evento puderam conhecer mais sobre o aprendizado, as dificuldades e as lições aprendidas pela Vale e a Vedacit em seus programas de inovação aberta. Arthur Gibbon, presidente da Reginp, foi o moderador da conversa.
“A média de permanência das empresas no S&P 500, ranking das maiores companhias americanas, caiu para menos de 20 anos. Em 1960, esse tempo era de 60 anos. Isso mostra que, cada vez mais, as empresas têm que se renovar. E, eu pessoalmente acredito que a inovação aberta é o caminho mais rápido para isso”, afirmou Marcos Calderon, líder de inovação aberta na Vale.
O executivo explicou que os desafios de tratar deste tema no setor de mineração, considerado tradicional, são enormes. Para agilizar o processo, a mineradora firmou uma parceria com o grupo Open Innovation Br. Alexandre Mosquim, um dos articuladores do grupo, também participou do painel.
“Aplicar a inovação aberta em uma empresa tão grande é uma tarefa complexa. Por isso, centramos nossos esforços em diferentes pilares, como a estruturação de metodologias, ferramentas, arcabouço jurídico e de compliance, que permitiram uma conexão fluída da empresa com universidades, startups, centros de pesquisa e governo. Esse fluxo teve foco na criação de soluções aplicadas tanto nos problemas da empresa, quanto nos das comunidades em que ela opera”, disse Alexandre.
Um dos projetos apresentados pelos dois painelistas foi o Desafio COVID-19, que teve como objetivo atrair e facilitar o acesso a soluções voltadas ao combate da COVID-19. O programa teve cinco pilares: prevenção e rastreamento de risco, triagem e diagnóstico, monitoramento e acompanhamento de pacientes, cuidados intensivos e desafios abertos. “Recebemos mais de 1.450 propostas e investimos US$ 1 Mi em 12 soluções, que impactaram 600.000 nas comunidades em que atuamos”, compartilhou Marcos.
Outra iniciativa apresentada pela companhia mineira foi o “Mining Hub”, segundo eles, o primeiro hub de inovação aberta do setor de mineração no mundo. “Reunimos 27 mineradoras que apresentaram desafios comuns do setor. Com isso, mapeamos mais de 502 startups que se inscreveram para solucionar esses problemas, fortalecemos as chamadas mining-techs e já alcançamos R$ 10 Mi investidos neste ecossistema. Duas das startups investidas, a LLK e Laminatus já estão escalando suas soluções para o mercado como um todo”, detalhou Alexandre.
Luís Fernando Guggenberger, executivo de corporate venture da Vedacit Soluções Tecnológicas, também trouxe o case de um setor conhecido pela sua “baixa digitalização”, o da construção civil. Segundo ele, o Brasil possui desafios enormes na área de habitação, com um déficit de 7,7 milhões de moradias, além de 16 milhões de moradias inadequadas. O setor também é conhecido pelo seu impacto ambiental, já que é responsável por 54% dos resíduos gerados no planeta.
“A gente pode olhar para esses números e chorar, ou podemos encará-los de frente, transformando-os em oportunidades. E é isso que temos feito. Nosso guarda-chuva na organização é “inovação e sustentabilidade”, pois acreditamos que a tecnologia pode nos ajudar a encontrar soluções para estes desafios. A sustentabilidade será um fator fundamental para o sucesso de qualquer negócio daqui para frente”, apontou.
Em sua abordagem para a inovação aberta, a Vedacit apostou na criação da Vedacit Labs, uma aceleradora que reuniu serviços de mentoria, acesso a mercado, residência, investimento seedmoney e projetos. “Já temos 10 startups graduadas e, no primeiro batch, já realizamos dois investimentos e uma aquisição. Tivemos acesso a soluções incríveis para o manejo de resíduos, digitalização de plantas e canteiro de obras, hardwares que identificam falhas em impermeabilização de superfície, dentre outras. Encontramos nestas empresas soluções que diminuem o impacto ambiental da construção civil, reduzindo os resíduos gerados, melhoram o ambiente de negócios do setor e sua produtividade”, contou o executivo.