Dando continuidade ao segundo dia da primeira edição online da 30ª Conferência Anprotec de Empreendedorismo e Ambientes de Inovação, foi realizado o painel “Capital Humano”.
O painel foi moderado pela Iara Neves, diretora técnica da Anprotec, e teve a participação de Anna de Souza Aranha, diretora da aceleradora de negócios de impacto, Quintessa, Júlia Melo, diretora nacional do Amani Institute no Brasil, e Walquiria Castelo Branco Lins, consultora da Cesar-School.
Capital humano é o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que favorecem a realização de um trabalho para produzir valor econômico. São os atributos adquiridos pelos profissionais através de estudos e experiências. A partir desse conceito, as empresas e instituições podem analisar a capacidade de seus colaboradores, independentemente de seus cargos, podendo formá-los em um caminho de desenvolvimento ascendente para gerar melhores resultados.
Sob essa perspectiva, Anna Aranha citou três pontos essenciais para motivação do capital humano nas empresas, que vão além da remuneração. “O primeiro fator é o propósito, as pessoas têm que se identificar com a organização e os seus valores, o segundo é autonomia, as gerações estão mudando, aquele modelo de empresa vertical baseada na autoridade já não é efetivo, as pessoas querem participar das decisões, ter um papel importante, e, por último, o desenvolvimento, no sentido de as pessoas valorizarem o espaço que elas têm para aprender, isso deve existir”.
As empresas que valorizam o capital humano têm uma série de aspectos positivos em sua estrutura organizacional, já que os erros de execução são menores, pois o trabalho de lapidação é incessante; e a produtividade, a motivação e o engajamento, consequentemente, também são maiores. Com o tempo, o turnover também pode ser reduzido e o investimento em boas práticas pode ser pago com a redução de custos e prejuízos associados ao elevado índice de demissão, por exemplo. Nesse sentido, mais automatização e posicionamento analítico e estratégico se convertem facilmente no investimento em capital humano.
Na sequência, Julia Melo abordou os benefícios concretos obtidos por meio da realização de ações que contribuem para o capital humano. “As pesquisas mostram que trabalhar no desenvolvimento das pessoas contribui diretamente para o lucro da empresa, mas para isso é preciso criar um cenário em que a equipe possa participar e que também possa errar, sem julgamentos, obviamente em um ambiente controlado que não prejudique a organização”.
Menos burocracia também permite que os especialistas de RH se dediquem na identificação de novas oportunidades e carências. Walquiria Lins destacou a transformação no processo de contratação de um profissional. “Competências que eram essenciais no passado já não são necessárias hoje. Muitas das vagas de trabalho disponíveis são para profissões que não têm uma formação específica, é indispensável que as empresas capacitem seus profissionais. A transformação digital que está em discussão hoje não é baseada em tecnologia, a sua essência é o ser-humano”.
Por fim, a moderadora Iara Neves complementou a discussão sob a ótica das organizações. “A identificação de valores e cultura é uma via de mão dupla, assim como a empresa deve deixar isso claro, o profissional também tem o papel de buscar por organizações que se encaixem em seu propósito para que ele possa se adaptar naquele ambiente. A remuneração é um fator importante, mas não deve ser o único na decisão”.