Encerrando o Workshop Anprotec 2019, realizado durante o Innovation Summit Brasil 2019, o quarto painel de discussões, intitulado “Rede Nacional e Internacional de Ambientes de Inovação”, trouxe a visão de diferentes atores do ecossistema sobre o tema. José Alberto Sampaio Aranha, presidente da Anprotec, mediou o debate.
Em sua fala de abertura, Aranha ressaltou que o tema de redes e colaboração é uma de suas principais bandeiras de atuação profissional. “A conexão entre atores, atuando em prol de objetivos comuns, traz resultados grandiosos, como este evento que estamos presenciando”, afirmou ele, em referência ao Innovation Summit Brasil, uma realização conjunta de sete associações ligadas à temática de inovação e investimentos.
Luis Fernando Corrêa da Silva Machado, chefe da Divisão de Promoção Tecnológica do Ministério das Relações Exteriores (MRE), abordou a experiência de internacionalização de empresas inovadoras, com foco no programa StartOut Brasil, iniciativa conjunta do Sebrae, Anprotec, Apex Brasil, Ministério das Relações Exteriores e Ministério da Economia.
O StartOut Brasil tem o foco no apoio à inserção de startups brasileiras nos mais promissores ecossistemas de inovação do mundo. Com 7 missões realizadas a cidades como Berlim, Miami, Lisboa, Santiago, Toronto, Paris e Buenos Aires, e mais de 70 startups apoiadas, Machado ressaltou a importância da atuação em rede para a realização do programa.
“Para levar startups promissoras a outros países precisamos reunir um conjunto amplo de atores nacionais, que nos auxiliam a selecionar as melhores empresas nacionais e internacionais, a capacitar e preparar essas empresas para internacionalização e criar conexões com parceiros internacionais¨, explicou Machado.
Representando o Ministério da Economia (ME), o subsecretário de inovação, Igor Manhães Nazareth, reforçou a fala de seu colega do MRE. “O StartOut Brasil é um exemplo de como a atuação em conjunto permite que a gente alcance resultados grandiosos. Sem a capilaridade da Anprotec, com sua ampla rede de incubadoras, aceleradoras e parques tecnológicos, a expertise comercial e em negócios internacionais da Apex, as mentorias do Sebrae e os esforços institucionais do MRE e ME, esse programa não estaria sendo tão exitoso”, disse Nazareth.
Josep Miquel Piqué, Presidente do Parque de Inovação da La Salle Technova Barcelona e vice-presidente da Asociación de Parques Científicos y Tecnológicos de España, concordou que é fundamental que o Brasil exponha suas empresas a um ambiente competitivo global.
“Estamos sendo expostos a uma onda de novas tecnologias que vão revolucionar os negócios, as cidades e como todos nós vivemos. 5G, Blockchain, drones, Inteligência Artificial e veículos autônomos. Tudo isso chegará à população tão rapidamente como a revolução dos smartphones. Por isso, se não nos globalizarmos, nos globalizarão. Ou dominamos essas tecnologias ou elas nos dominarão”, profetizou o espanhol.
Rodrigo Rodrigues, coordenador de Economia Digital da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), ressaltou a importância de que o país avance em seu ambiente regulatório, a fim de acompanhar a evolução dessas tecnologias. “Temos legislações que foram desenvolvidas em um contexto e que hoje não só não fazem sentido, como até impedem a implantação de novas tecnologias”, explicou Rodrigues.
Um exemplo, segundo ele, são as regulamentações da Anatel com relação aos dispositivos conectados. “Existia uma taxação de R$ 75 anuais que as operadoras têm que pagar para cada chip ativo em suas bases. Para esse negócio, o valor é viável. Porém, para a aplicação de milhares de chips conectados no sensoriamento de uma fazenda, certamente não é viável. Esse é um exemplo que já foi resolvido, mas existem centenas de casos como esse”.
Outro aspecto sobre o trabalho em rede foi abordado por Nelson Simões, diretor geral da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). Ele ressaltou que o primeiro passo para uma atuação em rede, com coordenação, é entender as competências que existem em cada ator.
“Uma de nossas grandes metas na RNP é a criação de uma plataforma que traga um filme em tempo real, e não uma fotografia, de nossa infraestrutura de pesquisa. Às vezes, temos sobreposição de infraestrutura laboratorial dentro de uma mesma universidade. Imagine o que acontece em um território tão amplo quanto o Brasil”, exemplificou Simões.
Para ele, a RNP tem o perfil ideal para realizar esse tipo de ação. “Estamos presentes oferecendo conexão e estrutura de conexão de ponta em mais de 1.500 instituições e laboratórios de pesquisa do país. Podemos mapear a nossa estrutura para conhecer ociosidades e aumentar a cooperação entre os atores”, concluiu.
Com o mesmo objetivo de aumentar a interação entre os ambientes de pesquisa básica, aplicada e o setor produtivo, o General Barroso Magno, Presidente da Finep, aproveitou o seu espaço no evento para lançar o HUB Finep.
A iniciativa tem como objetivo ser uma plataforma virtual de conectividade e negócios para o ecossistema de inovação brasileiro, com foco em startups, médias e grandes empresas, instituições de pesquisa, aceleradoras, incubadoras, parques tecnológicos, agências de fomento, dentre outros.
“A proposta do HUB Finep é integrar, ainda mais, o nosso ecossistema, conectar ofertas e demandas tecnológicas e captação de recursos públicos e privados. 90% das universidades e instituições de pesquisa do Brasil contaram com a Finep para criar alguma parte de suas estruturas. Mais de 2.000 empresas já foram apoiadas por nós para desenvolvimentos tecnológicos. O HUB Finep tem como objetivo intensificar ainda mais essa parceria entre a academia e o setor produtivo”, explicou o general.