A notícia do falecimento de José Pérez Palmis, mais conhecido como Don Pepe, aos 86 anos, no último dia 2 de maio, comoveu o movimento do empreendedorismo inovador do Brasil e do Mundo.
Fundamental para a criação da Associação Internacional de Parques Tecnológicos e Áreas de Inovação (IASP) em 1996, em Málaga, Pepe foi nomeado membro honorário da Associação em Bergamo – prêmio que apenas quatro pessoas no mundo possuem.
“As instituições têm alma, e ela vai sendo moldada ao longo do tempo. Don Pepe foi um grande arquiteto da alma da IASP. Era um generoso amigo do Brasil e um exemplo de empreendedor das causas sociais. Dentre os muitos momentos compartilhados com ele, não me esqueço do seu entusiasmo juvenil em Beijing, no início dos anos 90, na assembleia da IASP que elegeria a nova cidade-sede da entidade. Ele gostava de usar a frase atribuída a estadistas e guerrilheiros e que tão bem exprime o seu jeito de ser: ‘de derrota em derrota, até a vitória final’, disse Maurício Guedes, fundador do Parque Tecnológico da UFRJ e ex-presidente da Anprotec.
Pepe foi o primeiro presidente do Conselho Social da Universidade de Málaga, de onde deu os primeiros passos para a criação do Parque Tecnológico da Andaluzia (PTA).
Incentivou os jovens engenheiros do grupo de Pesquisa e Desenvolvimento da Secoinsa e da Fujitsu Espanha a participarem do desenvolvimento do ambiente tecnológico local. E criou a Associação ao Serviço da Pesquisa e da Tecnologia para construir novos projetos ao redor do PTA. Assim, nasceu o evento “Dias de Difusão Tecnológica”, – primeiro fórum de discussão do Parque com a cidade de Málaga.
De acordo com Felipe Romera, atual diretor geral do PTA, quando o Parque decolou, Pepe foi para o bairro Palmilla, onde deu oportunidades aos mais necessitados com seus programas de colocação profissional. “Seu compromisso era sempre trabalhar com os mais desfavorecidos. Pepe se foi, mas parte de sua alma está em todo o mundo, no Senegal, na China, no Brasil e na multidão de amigos que o reconhecem e sempre se lembrarão dele”, declarou Felipe.
“Don Pepe e eu tivemos uma boa relação de amizade e companheirismo. Com ele vi como a tecnologia pode servir para resolver problemas sociais. E nós trocamos muitas experiências nessa área, como a incubadora social aqui de Brasília. Ele fazia questão de estar presente em todos os nossos eventos. Don Pepe vinha para Brasília como ia a um bairro pobre, com a mesma postura. Ele foi um grande parceiro, compartilhamos diversas mesas de debates e intercambio em várias partes do mundo. É a perda de um grande amigo, não só da Anprotec, mas de todo movimento”, apontou Luís Afonso Bermúdez, ex-presidente da Anprotec e atual presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/DF.
“Momentos como este, infelizmente, são inevitáveis, mas, apesar disso, nunca estamos preparados para confrontá-los. A perda do mais querido amigo estrangeiro do movimento de incubadoras e parques do Brasil é mais um destes momentos, no qual ao mesmo tempo em que nos derruba e entristece, nos inspira a agradecer a oportunidade de ter conhecido e convivido com um amigo tão doce, gentil e leal. Que Deus lhe dê o descanso e que sua bela família supere essa ausência dolorosa”, concluiu José Eduardo Azevedo Fiates, superintendente geral da Fundação CERTI e também ex-presidente da Anprotec.