[:pt]
Na abertura do 2º dia da 27ª Conferência Anprotec, mais de 500 pessoas participaram de sessão plenária que apresentou cases e promoveu debate sobre como a tecnologia e o investimento na inovação foram capazes de transformar cidades e economias ao redor do mundo. Com a mediação de Mauricio Guedes, ex-diretor do Parque Tecnológico da UFRJ, organizador local da conferência, o evento contou com a apresentação de Boaz Golany, vice-presidente de Relações Externas e Desenvolvimento do Instituto de Tecnologia de Israel (Tecnion) e Luis Sanz, diretor geral da Associação Internacional de Parques Tecnológicos (IASP).
Durante cerca de uma hora, Boaz Golany apresentou detalhadamente o case de Israel, que saiu da posição de país de Terceiro Mundo na década de 50 para, atualmente, a liderança global em inovação e tecnologia. Segundo Golany, Israel contava com alguns fatores externos anteriores que também facilitaram a transformação, entre eles a força de trabalho altamente qualificada formada por israelenses e imigrantes e a tradição do país em investir em educação e tecnologia. Além disso, o país contou com investimento e incentivo público, segundo o executivo, que relatou que desde 1968 mais de 4% do PIB de Israel é dedicado à pesquisa e desenvolvimento. Foi também por iniciativa do governo, contou ele, que foi criado o primeiro fundo de capital de risco para startups com condições extremamente favoráveis. Em 10 anos, a política governamental começou a trazer resultados e, neste período, foram criados outros dez novos fundos de venture capital.
Além deste fator, segundo Bolany, o investimento em inovação foi permeado por necessidades estratégicas do país, entre elas a de garantir a integridade do território e, por conta disso, alavancar o desenvolvimento de novas tecnologias na Aeronáutica e Defesa. A partir de então, foram criados 4 novos parques tecnológicos além do Tecnion, novas empresas de grande porte, como IBM, Intel e Motorola, além de centenas de startups, passaram a tratar o território israelense como um território fértil e amigável para a inovação e empreendedorismo. Desde 2003, Israel tem investido fortemente em nanomedicina e ampliado sua atuação por meio de parcerias internacionais, entre elas com a Cornell Tech, em Nova York; e a Guangdong Technion Israel Institute of Tecnology.
Finalizando sua apresentação, Bolany listou quais seriam os ingredientes mais importantes para a promoção da inovação: “As pessoas não deveriam temer se arriscar ou fracassar. Nós incentivamos a falha para prosseguir. Outra questão é conseguir manter heterogeneidade e promover a diversidade de áreas, pessoas e parcerias”.
Já Luis Sanz, em suas palestras, promoveu o questionamento à plateia sobre o porquê de algumas regiões, independentemente de políticas de incentivo de governo, conseguirem sucesso em seus projetos de empreendedorismo e inovação. Segundo ele, a cultura local é fator preponderante para esta equação: “Acredito que criar ambientes férteis de empreendedorismo e inovação tem a ver com a cultura do país, com o conjunto de valores com que uma dada sociedade compartilha. Não depende exclusivamente de legislação”, conta ele. Para Sanz, este seria o momento de se iniciar a articulação de um discurso global que alcance estes valores: “É nosso dever ético nos reunirmos em uma batalha que vai além da simples administração de um projeto. É preciso articular um discurso social que estipule e alcance os valores de empreendedorismo e inovação que sempre defendemos”.
[:]