Atividade realizada durante a 35ª Conferência Anprotec reuniu lideranças nacionais para discutir estratégias de apoio a startups e ambientes promotores de inovação
Foz do Iguaçu (PR), 14 de outubro de 2025 – A manhã de terça-feira, 14 de outubro, na 35ª Conferência Anprotec trouxe reflexões importantes sobre o futuro dos ambientes de inovação no Brasil. Durante a atividade Sebrae Convida, lideranças do Sebrae Nacional, Anprotec, CNPq e Sebrae Paraná debateram estratégias para fortalecer o ecossistema empreendedor e multiplicar casos de sucesso no país.
Paulo Renato Cabral, gerente de Inovação do Sebrae Nacional, provocou os participantes com um questionamento central: “Será que estamos no caminho certo? Será que nossos mecanismos, equipamentos, aceleradoras, parques e hubs estão realmente preparados para gerar os negócios do futuro?”
A proposta da atividade foi destacar como a diversidade dos ambientes de inovação pode contribuir para a geração de negócios de alto impacto, trazendo experiências de empreendedores que passaram por incubadoras, aceleradoras e outros programas de apoio, além de debater o papel das instituições na construção desse ecossistema.
Brasil precisa de “cavalo de pau” para competir globalmente
A presidente da Anprotec, Adriana Faria, trouxe dados que provocaram reflexão sobre o posicionamento do Brasil no cenário global de inovação. Ela revelou números que comprovam o desafio brasileiro: enquanto a China possui 500 mil startups apoiadas por 15 mil incubadoras de empresas, o Brasil tem entre 15 e 20 mil startups.
“Inicialmente, achávamos que 500 mil startups era um exagero, mas tivemos a oportunidade de uma missão internacional da Anprotec na China, onde ouvimos o representante oficial do governo chinês confirmar esses números. E só há uma forma de lançar tantas startups: eles têm 15 mil incubadoras de empresas, apoiadas manhã, tarde e noite, fortemente incentivadas como estratégia de prosperidade e desenvolvimento econômico”, relatou Adriana.
A presidente foi enfática ao alertar sobre a urgência do tema: “A despeito do Brasil ser um grande produtor de ciência – nos últimos 10 anos avançamos imensamente, com quase 80 mil mestres e doutores titulados por ano e estamos entre os 15 países com maior produção científica do mundo – ainda ocupamos a 52ª posição no ranking mundial de inovação. Isso sim é um risco à nossa soberania nacional.”
Para Adriana, é preciso uma mudança radical de direção. “Nós temos que dar um cavalo de pau na nossa população e nas nossas universidades. Precisamos estar atentos a essas questões”, defendeu, ressaltando a necessidade de políticas públicas mais robustas para o setor.
Pós-graduação: o motor das empresas de base tecnológica
Um dos dados mais relevantes apresentados por Adriana Faria vem de uma tese de doutorado desenvolvida em Minas Gerais sobre as variáveis que impactam a criação de novas empresas de base tecnológica. “A única variável que teve significância estatística foi o número de alunos na pós-graduação. Quem chega para empreender em negócios de base tecnológica é aluno de pós-graduação”, revelou.
Essa constatação reforça o papel estratégico das universidades e dos programas de pós-graduação como berço da inovação. “É desse ambiente, das universidades empreendedoras, do processo que nossas incubadoras de empresas fazem dentro desses ambientes de ciência, tecnologia e inovação, de difusão da cultura empreendedora, de pegar na mão do aluno de pós-graduação e do professor que quer empreender, que surgem as empresas”, complementou.
Emprego de qualidade: o diferencial das empresas de base tecnológica
Adriana também apresentou dados do estudo sobre parques tecnológicos liderado pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, resultado de quase 10 anos de pesquisa. Os números demonstram a qualidade dos empregos gerados por empresas de base tecnológica: 26% da força de trabalho são graduados, 28% são mestres e 26% são doutores.
“Quase 90% da força de trabalho de uma empresa de base tecnológica é composta por empregos de qualidade. E um emprego de qualidade gera mais dois, três outros empregos. É por esse caminho que passa a prosperidade”, afirmou a presidente da Anprotec.
Paraná como referência em política de Estado
O gerente da Unidade de Ambiente de Negócios do Sebrae Paraná, Marcelo Padilha, destacou a importância do encontro promovido pela conferência. “É um momento em que a gente encontra as ideias, encontra as propostas, encontra as provocações de como tornar o nosso ambiente de inovação no Brasil de fato um ambiente melhor. Tudo isso só vai fazer sentido se isso se materializar em geração de negócios, geração de emprego, geração de renda, em melhoria da qualidade de vida das pessoas”, afirmou.
Adriana Faria concordou sobre o destaque do estado: “O Paraná é um estado que precisa ser fortemente estudado por todos. O que o Paraná está fazendo em termos de política de Estado – não de governo, mas de Estado – tem sido muito positivo. Temos 14 instituições de ensino superior como centro, e orbitando essas universidades, os ambientes promotores de inovação, parques e incubadoras.”
Compromisso institucional com a inovação
Tomás Carrijo, assessor do Conselho Deliberativo Nacional do Sebrae, representando o presidente Décio Lima, reforçou o compromisso da instituição. “Esta é parte da nossa estratégia que valoriza incubadoras, startups e fomenta discussões essenciais para uma atuação colaborativa. A Anprotec é uma entidade que compõe o nosso conselho e é uma parceira essencial”, destacou, mencionando o Comitê de Inovação do CDN coordenado pelo conselheiro do Ministério do Trabalho.
Parcerias de longa data
Márcio Ramos de Oliveira, coordenador-geral de Promoção à Inovação do CNPq, lembrou da trajetória de parcerias entre as instituições. “Tivemos mais de 20 anos do programa BITEC com o Sebrae e o CNPq, que incentivava o empreendedorismo dos alunos de graduação. O programa AGTI, os agentes locais de inovação, é uma parceria fantástica do Sebrae que alcançou resultados maravilhosos. E hoje temos o Catalisa ICT, levando essa parceria adiante”, recordou.
Márcio também trouxe cumprimentos do presidente do CNPq, professor Ricardo Galvão, destacado como “além de um grande cientista, um entusiasta desse movimento de inovação no Brasil, sempre apoiando e trazendo todo o esforço para que o CNPq possa lançar suas ações em parceria”.
Sebraetec Negócios Inovadores e InovaLink
Adriana Faria destacou duas iniciativas importantes para fortalecer o ecossistema. O programa Sebraetec Negócios Inovadores, em parceria com o Sebrae, já está presente em quase todos os estados, credenciando incubadoras para prestar serviços não apenas às suas empresas vinculadas, mas também a outros negócios que necessitam de apoio.
Outra ferramenta mencionada foi o InovaLink, plataforma liderada pelo Sebrae para mapear incubadoras, aceleradoras e empresas vinculadas a esses ambientes. “É muito importante que os gestores preencham as informações. Com o CNPJ dessas empresas, conseguimos buscar todos os outros dados necessários para comprovar a importância de apoiar incubadoras e empresas de base tecnológica”, explicou a presidente.
Sobre a 35ª Conferência Anprotec
A 35ª Conferência Anprotec acontece de 13 a 16 de outubro de 2025, em Foz do Iguaçu (PR), com o tema “Ecossistemas colaborativos e integrados à inovação global”. O evento é promovido pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). A realização local é do Sistema Estadual de Ambientes Promotores de Inovação do Paraná (Separtec), da Fundação Araucária, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e do Governo do Estado do Paraná.