Durante o painel “Sebrae Convida”, realizado na 35ª Conferência Anprotec, Paulo Renato, gerente do Sebrae Nacional, apresentou um panorama abrangente dos programas que a instituição desenvolve para apoiar startups, ambientes de inovação e ecossistemas empreendedores em todo o país.
Sebraetec Negócios Inovadores: validação e crescimento de startups
Paulo Renato iniciou destacando o Sebraetec Negócios Inovadores, criado há cerca de três anos para sistematizar o apoio às empresas de base tecnológica. “O objetivo é permitir que os ambientes de inovação sejam remunerados pelos serviços que já realizam no apoio a startups, como validação, tração e expansão de negócios”, explicou o gerente.
A iniciativa oferece fichas técnicas que permitem às incubadoras, parques tecnológicos e aceleradoras credenciadas realizarem serviços de validação, tração e expansão de startups com remuneração do Sebrae. ” Todo ambiente de inovação precisa apoiar empresas nascentes. Nós criamos várias fichas técnicas, e se você tiver credenciado ao Sebrae, você pode executar esse serviço e há uma remuneração por esse trabalho”, complementou.
O programa está sendo ampliado com novas fichas de internacionalização, visando expandir cada vez mais os negócios inovadores brasileiros para o mercado global. Embora o processo de credenciamento varie entre os estados, a Anprotec disponibiliza suporte para auxiliar interessados com informações sobre como participar.
Supernova: empreendedorismo em larga escala na graduação
Um dos destaques da apresentação foi o programa Supernova, voltado para alunos de graduação e ensino profissionalizante. “Os estudantes têm um enorme potencial para criar empresas e desenvolver modelos de negócio ainda na graduação. O Supernova oferece um caminho estruturado para que essa jornada comece cedo”, destacou Paulo Renato.
A iniciativa permite que grupos de dois a cinco estudantes, com orientação de um professor, participem de uma trilha totalmente online de até duas semanas para desenvolver projetos de startups. “Nos pilotos realizados em São Paulo, Rio Grande do Norte e Distrito Federal, vimos ideias e projetos promissores surgirem em apenas duas semanas de atividades”, relatou.
O programa está em processo de expansão nacional em parceria com o Ministério da Educação (MEC). Os melhores projetos são premiados com missões nacionais, e há estudos para inclusão de missões internacionais.
Paulo Renato revelou ainda uma importante novidade sobre a parceria entre Sebrae e Anprotec: “Nós estamos querendo colocar esse programa no próximo convênio com a Anprotec, para que a Anprotec possa ser o hub, digamos assim, que leva e distribui o Supernova para todo o Brasil”.
O objetivo ambicioso é ampliar significativamente o número de startups no Brasil. “Hoje a gente estima que deve ter de 20 a 25 mil startups no Brasil. A gente quer dar uma contribuição para aumentar para mais 10 mil, mais 20 mil startups no Brasil. Ou seja, aumentar a densidade e, obviamente, com o nosso trabalho perene, aumentar a qualidade também”, destacou.
Plataforma Sebrae Startups: mapeamento do ecossistema brasileiro
Paulo Renato apresentou a Plataforma Sebrae Startups, desenvolvida há três anos em parceria com o Sebrae Santa Catarina, que reúne mais de 21 mil startups cadastradas. “Quando a gente começou isso aqui há mais ou menos três anos atrás, era muito difícil determinar onde estavam as startups no Brasil. Onde que elas estão? Qual que é o setor do segmento? Qual que é o faturamento? Quem são os sócios? Para quem que ela vende?”, contextualizou.
A plataforma oferece informações detalhadas e é considerada uma das mais completas do país. Entre as curiosidades reveladas pela base de dados, os cinco principais segmentos são: tecnologia da informação e comunicação em primeiro lugar; saúde e bem-estar em segundo, com aproximadamente 2.800 startups; agronegócio em terceiro, com cerca de 2.000 empresas; educação em quarto; e fintechs em quinto lugar.
Catalisa ICT: transformando pesquisadores em empreendedores deep tech
O programa Catalisa ICT, criado há quatro anos, busca oferecer uma alternativa de carreira para mestrandos e doutorandos. “O que o mestrando e o doutorando vai fazer depois da tese de mestrado e doutorado? Vai ficar lá tentando mais uma bolsa, mais uma bolsa, mais uma bolsa, até abrir um curso na universidade, que a gente sabe essa dificuldade hoje”, questionou Paulo Renato.
O gerente alertou para um problema grave: “Infelizmente, a gente conhece pessoas que têm o título de mestrado e doutorado que, às vezes, tiram esse título do currículo, porque com essa super especialização, eles nem conseguem arrumar emprego”.
Diante desse cenário, o Catalisa propõe uma alternativa. “Existe uma outra oportunidade, que talvez seja um caminho para eles, que talvez seja criar um negócio de base tecnológica”, defendeu.
Na primeira edição, foram criadas 170 novas deep techs no Brasil a partir da participação de mais de 3 mil pesquisadores. A segunda edição, em andamento com apoio de diversas instituições incluindo a Anprotec, pretende alcançar 300 novas deep techs. O programa oferece capacitação, rede de contatos e suporte financeiro por meio de bolsas de extensionismo tecnológico.
Ecossistemas Locais de Inovação: fortalecimento territorial
Iniciado há quatro anos, o programa de Ecossistemas Locais de Inovação já está presente em todos os estados brasileiros, abrangendo 350 municípios de forma individual e quatro ecossistemas territoriais que integram múltiplos municípios no Paraná, sul de Minas Gerais, Rio Grande do Norte e região da Serra de Santa Catarina.
“Esse trabalho é muito legal porque ele, eu costumo dizer, é um útero que ajuda a nascer as melhores empresas ali do município e também, de certa forma, leva um pouco de inovação para as empresas tradicionais”, descreveu Paulo Renato.
O programa utiliza uma metodologia de diagnóstico em formato de radar que avalia ambientes de inovação, políticas públicas, instituições de ciência e tecnologia, disponibilidade de capital, governança e programas locais.
Recentemente, o Sebrae firmou parceria com o Startup Genome, organização internacional que mapeia ecossistemas mundiais. “Eles não vão comparar o ecossistema aqui do norte pioneiro do Paraná com Londres, porque não tem grau de comparação. Eles vão comparar o norte pioneiro com, de repente, algum ecossistema lá da Europa que tem características semelhantes”, explicou o gerente.
Atualmente, Florianópolis, Recife e São Paulo participam diretamente dessa iniciativa, com planos de expansão para outras cidades.
A importância dos ecossistemas para o empreendedorismo inovador
Paulo Renato, que foi empresário por 22 anos, falou com propriedade sobre os desafios de empreender no país. “Montar uma empresa no Brasil é muito difícil. Eu falo isso de um lugar que eu fui empresário durante 22 anos, de empresa inovadora. Montar uma empresa inovadora no Brasil é mais difícil ainda”, afirmou.
O gerente ressaltou a importância do apoio territorial: “Montar uma empresa num ambiente, num território, que você não tem apoio, que você não tem mecanismo, que você não tem capital de risco, que você não tem uma fundação de apoio, que você não tem uma universidade, é quase que impossível. Os casos que acontecem são quase milagres, mas acontecem”.
Por isso, para o Sebrae, levar ecossistemas estruturados para todo o país é fundamental. “Para nós, é muito importante a gente levar ecossistemas para todo o Brasil, mesmo aquelas cidades incipientes. A gente já tem metodologia para que a gente permita que mais empresas inovadoras possam nascer no país”, concluiu.
O “Sebrae Convida” reforçou o papel estratégico da instituição no desenvolvimento de um ecossistema de inovação mais robusto e integrado, desde a formação na graduação até a consolidação de deep techs, passando pelo fortalecimento de ambientes de inovação em todo o território nacional.