Foz do Iguaçu (PR), 15 de outubro de 2025 – A Plenária 5 “Políticas Públicas e Inovação: o papel do governo em ecossistemas colaborativos”, realizada nesta quarta-feira (15) em Foz do Iguaçu (PR), reuniu representantes do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), do Exército Brasileiro e da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) para discutir o impacto das políticas públicas na formação de ecossistemas de inovação colaborativos. A moderação de Marcelo Nunes, diretor de Empresas da Anprotec, destacou desde o início a necessidade de conectar governo, universidades, empresas e sociedade civil.
“A inovação deixou de ser uma escolha; é uma necessidade estratégica”, ressaltou Nunes ao abrir os trabalhos, reforçando que políticas têm um papel fundamental para criar as condições para que a inovação realmente aconteça e floresça.
Larissa Peniche, consultora do MIDR, apresentou a estratégia de atuação da Secretaria Nacional de Políticas de Desenvolvimento Regional organizada em seis eixos: desenvolvimento territorial; ordenamento territorial; sistemas produtivos; infraestrutura econômica; desenvolvimento e integração da faixa de fronteira; e enriquecimento das capacidades de entes subnacionais. A abordagem adota o modelo expandido de hélice, articulando governo, instituições de ensino, investidores, terceiro setor, empresas e redes para estruturar governanças setoriais.
Peniche enfatizou que o trabalho permanece nos territórios por período mínimo de cinco anos para consolidar capacidades locais. “Destacou a importância de soluções básicas em regiões como a Amazônia e o semiárido”, explicou, apontando que a coordenação interministerial permite atacar gargalos de infraestrutura em paralelo ao fomento à inovação.
Erick Braga Ferrão Galante, chefe da Agência de Gestão e Inovação Tecnológica do Ministério da Defesa (Agitec) pelo Exército Brasileiro, apresentou a estrutura de inovação das Forças Armadas, adotando a escala TRL (Technology Readiness Level), conforme norma ISO 13290, para classificar maturidade tecnológica de projetos.
Galante citou a modernização do blindado Cascavel e nacionalização de componentes que resultou em redução significativa de custos. “Parcerias são estruturadas via editais estaduais e canais da Agitec, com licenciamento não exclusivo em áreas críticas como biossegurança, guiamento inercial e cibernética”, afirmou. Ele ressaltou o Exército como vetor de ocupação territorial e parceiro disposto a colaborar com academia e indústria, esclarecendo que trabalha com lista de tecnologias críticas de interesse da defesa canalizadas via fundações estaduais.
Sobre prioridades estratégicas, Galante explicou que a defesa necessita avançar em cadeia industrial e logística integrada. “Não adianta possuir tecnologias isoladas se não houver uma cadeia produtiva soberana capaz de manter e evoluir essas capacidades”, apontou. Ele destacou ainda que a força adota estratégia federativa de articulação, com fomento vindo dos estados enquanto governo federal legitima a governança.
Alexandre Weber, reitor da Unioeste, relatou a transformação recente do Paraná na política de inovação, com universidades estaduais designadas como agências de desenvolvimento regional, aproximando academia, empresas e poder público. “Não foi uma política gestada em gabinetes, foi discutida com todos os atores”, destacou Weber, enfatizando que o modelo consolidou um ambiente regulatório favorável.
Durante a sessão de perguntas, o público questionou como o MIDR alcança regiões periféricas como o semiárido nordestino. Peniche esclareceu que a coordenação interministerial permite trabalhar estruturantes de infraestrutura simultâneos ao fomento à inovação, com equipes permanecendo nos territórios por anos. Ela ressaltou que muitas cadeias produtivas não estão sendo exploradas não por falta de inovação, mas pela ausência de estrutura básica para que possam se desenvolver.
Outro questionamento abordou como o Exército define prioridades de desenvolvimento e seleciona parceiros. Galante explicou a existência de lista de tecnologias críticas de interesse da defesa e reafirmou que parcerias ocorrem via fundações estaduais e canal aberto via portal da Agitec para receber propostas. “A gente precisa do fomento, e o fomento está vindo dos estados”, comentou ao descrever a estratégia de articulação federativa entre esferas de governo.
Questionado sobre perspectivas de transformar conhecimento científico em produtos nacionais estratégicos, Galante reforçou a necessidade de maturação da cadeia industrial e logística. Ele ressaltou que soberania nacional depende não apenas de tecnologias desenvolvidas, mas de infraestrutura integrada capaz de produzir, manter e evoluir capacidades críticas.
O painel demonstrou que articulação entre governo federal, defesa, universidades e poder estadual é fundamental para fortalecer ecossistemas capazes de responder a desafios regionais e de interesse nacional. O destaque foi a importância de financiamento estável, infraestrutura básica e permanência de equipes técnicas para transformar territórios e gerar impacto duradouro.
Sobre a 35ª Conferência Anprotec
A 35ª Conferência Anprotec acontece de 13 a 16 de outubro de 2025, em Foz do Iguaçu (PR), com o tema “Ecossistemas colaborativos e integrados à inovação global”. O evento é promovido pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). A realização local é do Sistema Estadual de Ambientes Promotores de Inovação do Paraná (Separtec), da Fundação Araucária, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e do Governo do Estado do Paraná.