O Painel ‘História: As realizações e as conquistas da C,T&I no Brasil’ foi composto por Francilene Garcia, ex-presidente da Anprotec, Joelmo Jesus de Oliveira, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Renato Dagnino, professor da Unicamp, Manoel Gonzalo da Universidade de Quilmes, na Argentina, e Peter Schultz, professor da Unicamp.
Ao longo da discussão os painelistas explicaram a partir de duas falas, fases da história da C, T & I no Brasil, bem como de conquistas e marcos importantes ao longo dessa jornada.
Peter Schultz iniciou os debates do painel abordando a importância da discussão da história da ciência no Brasil no ano de comemoração dos 200 anos da independência. Peter relatou um pouco sobre o processo de investigação da história do Brasil através de inúmeros artigos e documentos, os quais ele analisou, reuniu e transformou em estudos para a história da ciência no país.
Segundo Schultz, foi somente no século XIX que a ciência passou a ser considerada uma profissão. Antes disso, a pesquisa não era realizada em universidades, e por isso, somente a partir deste século que o desenvolvimento e a produção científica passaram a se tornar parte de estudos universitários financiados pelo país, e assim também puderam passar a conter títulos profissionalizantes.
Dando continuidade a apresentação das conquistas na área da ciência ao longo da história, Joelmo Jesus expôs marcos importantes nesse desenvolvimento da tecnologia, que foi fortemente marcado no final dos anos 1950, quando o desenvolvimentismo chegou ao Brasil e a partir desse cenário, o MDL, partido da época, criou uma política de ciência, tecnologia e inovação com uma espécie de fundo para pesquisa e tecnologia em soluções de problemas da época, que posteriormente passou a ser a base do FNDE e da Finep, nos dias atuais.
Joelmo explicou que no primeiro momento esse plano não funcionou por falta de pesquisadores e procura de investimentos, e por isso, passaram a veicular esses investimentos para a pesquisa de ciência nas universidades, tornando apto a formação de doutorado de cientistas, a qual até hoje é um ápice da vida acadêmica e profissional de pesquisadores. Porém, mesmo no século XXI, os pesquisadores e inovadores ainda precisam disputar sistematicamente espaços para atuarem.
Em seguida, Renato Dagnino apresentou uma pesquisa do retrospecto das realizações e conquistas da CTI no Brasil. Segundo ele, o poder político, econômico e democrático foi fundamental para o avanço da pesquisa tecnocientífica no país, baseada em interesses próprios desses agentes. Por exemplo, a erradicação da praga do café e da febre amarela, desenvolvida nos meios de pesquisa e inovação no Brasil.
Renato ressaltou o quanto o Brasil ainda está longe de uma realidade que gere oportunidades de negócios para empreendedores e um ambiente favorável ao desenvolvimento das pesquisas, bem como da valorização dos cientistas, principalmente em contraposição com o crescente desenvolvimento científico internacional.
“Nós estamos em um momento de ruptura e de transformação do nosso país. Prospectando o futuro, do meu ponto de vista pessoal identifico uma nova coalizão em processo de constituição que poderá influenciar a PCTI na direção de um círculo virtuoso de desenvolvimento em economia solidária e tecno solidária”, afirmou.
Finalizando o debate, Manoel Gonzalo dissertou acerca da posição do Brasil como um dos principais protagonistas da tecnologia e ciência na América Latina. Ele citou algumas referências brasileiras em contribuição para o desenvolvimento da C, T & I no país, como Celso Furtado, Ignácio Rangel, Álvaro Vieira Pinto, Milton Santos, Fabio Weber, entre outros..
Segundo Gonzalo é necessário uma abordagem Latino Americano estrutural e ampla, que gere uma inserção desse continente no mundo, presente em negócios globais, competitivo e outros, que além de internacional seja centrado em problemas, desafios nacionais e regionais dos próprios países latinos. Por fim, após a exposição de ideias e discussões, o painel foi aberto para debate entre painelistas e plateia.