Nos últimos anos, as startups brasileiras registraram grande crescimento, mesmo durante a pandemia de Covid-19. Um estudo realizado pela plataforma Sling mostrou que, no ano passado, as quase 20 mil startups do país contrataram mais de 100 mil pessoas. O valor médio dos investimentos aumentou de US$ 5,5 milhões em 2020 para US$ 13,7 milhões em 2021, um crescimento de quase 150% em 12 meses. Atenta ao desenvolvimento desse mercado, a RNP (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa) abriu uma chamada pública para ampliar seu banco de fornecedores qualificados em tecnologia.
Com o objetivo de promover a inovação aberta, a RNP quer encontrar bons parceiros dentro desse universo tão peculiar de pequenas empresas especializadas. São organizações relativamente jovens, com grande potencial de inovação e que não têm necessariamente um modelo de negócios completamente estabelecido. Uma vez aprovadas no processo de qualificação, elas passarão a fazer parte de um cadastro e poderão desenvolver diversas soluções em TIC em conjunto com a RNP.
“Dentre as inúmeras intenções, estamos buscando nos aproximar e aquecer o ecossistema de startups, visando cocriar soluções inovadoras e de altíssima qualidade, focadas na entrega de valor aos clientes da RNP. Acreditamos que esta jornada poderá se tornar um grande celeiro de oportunidades para ambas as partes”, ressalta Marcello de Jesus, diretor-adjunto da Unidade de Serviços Digitais Especializados da RNP.
Uma das principais vantagens desse tipo de contrato por demanda é a redução da burocracia e o consequente ganho de agilidade. Enquanto um processo de contratação tradicional pode demorar pelo menos dois meses, o modelo de qualificação criado pela RNP permite que o início dos trabalhos seja imediato, após rápida concorrência entre os qualificados.
Para as empresas, as vantagens não param por aí. “Em vez de mandarmos a solicitação de proposta para a ampla concorrência do mercado, mandamos apenas para os fornecedores já qualificados. Este é um grande benefício: a empresa se qualifica e passa a competir com um ecossistema menor”, explica Marcello de Jesus.
Não apenas startups estão contempladas na chamada para o processo de qualificação. A RNP dividiu o documento em dois grupos: um de startups e pequenas empresas; outro de médias e grandes empresas. Cada um dos blocos atenderá a tipos diferentes de solicitações.
Para se tornarem fornecedores qualificados, o primeiro passo é preencher um cadastro e apontar as áreas temáticas em que a startup ou empresa possui experiência. São mais de 20 campos possíveis: interoperabilidade, automação, cloud computing, mobile, ciência de dados, banco de dados, internet das coisas, etc.
A próxima etapa é a avaliação de critérios específicos e a atribuição de pontos. Uma startup que consiga comprovar sustentabilidade em seu modelo de negócios, por exemplo, obtém 5 pontos na escala. Caso a mesma startup já tenha recebido algum tipo de investimento público ou privado, soma mais 5 pontos. Prêmios, clientes prévios e comprovação de experiência em determinada área também aumentam a pontuação.
Startups e pequenas empresas precisam alcançar um mínimo de 53 de um máximo de 258 pontos. Aquelas que não forem aprovadas nessa primeira etapa terão a oportunidade de tentar mais uma vez. A RNP vai manter o processo de captação aberto para que as companhias possam se adequar e se qualificar.
Nas médias e grandes empresas, o total de pontos vai a 299. No entanto, para esse grupo, não há mínimo de pontos exigido. A pontuação obtida vai servir para a elaboração de um ranking entre os fornecedores.
Uma vez aprovadas, essas startups e empresas passam a integrar o cadastro de fornecedores qualificados por um período de 24 meses, podendo ser ampliado para até 60 meses. Sempre que precisar, a RNP pode enviar às parceiras um pedido de solicitação de proposta de solução em TIC. Após o envio da solicitação, os fornecedores apresentam suas propostas. A RNP avalia e decide, baseada em critérios técnicos, qual delas ficará responsável por desenvolver a solução.
A RNP estabelece critérios elevados de qualidade em suas demandas. Assim, o desenvolvimento das soluções será acompanhado periodicamente, para evitar entregas com baixa qualidade. O não cumprimento de determinadas obrigações pode acarretar em penalizações que vão de multas à suspensão do contrato.
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