A busca por uma sinergia entre os parques científicos e tecnológicos de Campinas têm sido a estratégia vislumbrada por seus representantes e gestores para fortalecê-los como verdadeiros espaços favoráveis ao desenvolvimento baseado em inovação. Concentrando cinco parques, Campinas é reconhecida por sua capacidade de conversão de conhecimento em negócios. Entretanto, ainda há potencial a ser explorado para ampliar o impacto da ciência e da tecnologia desenvolvida na região.
Estratégias conjuntas para esses ambientes de inovação foram discutidas em webinar no último dia 6 de agosto, com a participação de representantes dos cinco parques de Campinas: Parque Científico e Tecnológico da Unicamp, CTI Renato Archer, Techno Park Campinas, Pólis de Tecnologia e o recém-formado Parque da IMA (Informática de Municípios Associados), além da Anprotec (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores). A mediação foi feita por José Eduardo Azarite, VP de Marketing da Fundação Fórum Campinas inovadora (FFCi), realizadora do evento.
Com universidades de referência e instituições de pesquisas de ponta, a transferência de conhecimento para a sociedade poderia ser ainda maior, na análise de Eduardo Gurgel do Amaral, presidente FFCi e diretor do Parque Científico e Tecnológico da Unicamp. “Hoje ainda temos uma barreira cultural, a sociedade não está engajada e, consequentemente, gestores não priorizam esses processos. Por isso, é preciso criar um ambiente macro, com sinergia para a transferência de conhecimento, uma estratégia conjunta para o país. Os cinco parques de Campinas não são concorrentes, mas sim, integram um território virtuoso”, afirmou.
Francisco Saboya, presidente da Anprotec – que reúne entre seus associados incubadoras, parques tecnológicos, aceleradoras, coworkings, instituições de ensino e pesquisa etc – considera que com uma sociedade mais digital e conectada, a inovação é o diferencial e as cidades são obrigadas a se estruturarem de uma nova forma. “Os parques tecnológicos, com todos os seus mecanismos, são uma saída para o país que deve ser reproduzida e multiplicada, cada qual com sua especificidade.”
Um plano de ação conjunto para agir frente às barreiras que dificultam o desenvolvimento da região foi sugerido pelo diretor do Techno Park Campinas, José Luiz Guazzelli. “Os momentos de crise são os mais apropriados para corrigir a perda de centralidade que a educação e a ciência têm na sociedade moderna. Este é o momento para estimular os debates no âmbito do ecossistema regional de CT&I e de negócios.”
Na busca dessa sinergia, apesar das dificuldades impostas pela pandemia do coronavírus, ela também trouxe uma nova realidade do mundo virtual. Segundo o gerente do Parque Tecnológico Pólis de Tecnologia, Rubens Maeda, a nova realidade facilita e fortalece relações e acelera contatos. “Esse cenário cria oportunidades para a integração dos diversos atores de inovação com foco na geração de negócios. Isso realimenta o ciclo virtuoso e dá sustentação para essas iniciativas permanecerem ao longo do tempo.”
O poder público também tem um papel importante neste processo e hoje há uma necessidade real de que os mecanismos de inovação sejam vistos por formuladores de políticas públicas e gestores públicos como plataformas modernas de desenvolvimento. Entraves burocráticos e falta de investimentos e de legislação adequada foram citados pelos palestrantes.
“Num mundo que muda com tanta velocidade, com ondas de inovação mais intensas e próximas, como podemos ainda gerenciar esse propósito ao modo antigo dentro de um arcabouço de gestão pública que engessa? Um propósito que requer tempo, flexibilidade, velocidade, contratação de pessoas, retenção de talentos, parcerias privadas”, afirmou Saboya.
As dificuldades impostas pela gestão pública também foram apresentadas por Fernando Ely, que coordena o CTI-Tec, parque ligado ao CTI Renato Archer. “Temos uma série de limitações como burocracia grande, limitação de falta de pessoal e escassez de recursos”, afirma. Para ele, o poder público tem um papel importante na construção da sinergia entre os parques. “É necessário que o poder público dê mais foco aos parques com características específicas, para atuarem em conjunto em determinados temas”, acrescentou.
Próximos encontros
O webinar “Parques Científicos e Tecnológicos: ambientes catalisadores de mudanças regionais” foi o primeiro de uma série de encontros online que serão realizados dentro da programação do Inova Trade Show. O próximo encontro “Política de inovação e empreendedorismo” será realizado dia 10 de setembro, das 10h às 12h. As inscrições já estão abertas e podem ser feitas aqui.
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