Ontem, 25 de junho, o presidente da Anprotec, Francisco Saboya, participou do evento online “Diálogos com Universitec, Anprotec e Abipti”, juntamente com Gonzalo Henriquez, da Universitec, Paulo Foina, presidente da Abipti, e Victória Mutran, diretora de eventos da AV. O encontro fez parte da Semana Estadual de Ciência, Tecnologia, Inovação e Desenvolvimento, realizada pelo governo do Estado do Pará.
Na ocasião, Saboya ressaltou a necessidade de o país buscar a inovação como a principal saída da crise e o papel dos ambientes de inovação como pilares desse contexto. “Eles compartilham infraestrutura, talentos, investimento e fluxo de conhecimento. Mas há uma preocupação apreensiva em relação ao futuro de curto prazo desses nossos ambientes, pois sempre estivemos em um mundo presencial. Extrairmos valor dos encontros e das conexões. Todos os dias colidimos com técnicos ou pesquisadores e isso é muito valioso. Mas no pós-Covid não vamos mais encontrar o mundo assim”, explicou o presidente da Anprotec, ressaltando as cinco leis científicas do pós-pandemia apresentadas por Josep Piqué em webinar recente do AnproTalks.
Nesse contexto, Saboya questionou “como ficam os parques, as incubadoras, aceleradoras e os investimentos. Como ficam a atração e a retenção de capital humano? E as estratégias? Se tudo isso está muito ligado ao presencial ainda. As ferramentas online não têm a mesma fluidez do contato pessoal, que é muito mais “azeitado”. Será que estamos preparados digitalmente? Essa é uma pauta para refletirmos”, explicou ele, já apontando que os parques e os ambientes precisam fazer sua própria transformação digital. “O que propomos para os outros, precisamos fazer em casa”.
Além da necessidade de inovação e transformação digital, o presidente da Anprotec também ressaltou a importância de uma liderança transformadora. “Precisamos disso em todas as instâncias; no meio empresarial – que sataniza questões ambientais; no governo – que precisa deixar o terraplanismo de lado e apostar no conhecimento científico e em uma agenda de futuro; e na academia – que é demasiadamente conservadora. Precisamos cuidar da formação dessas lideranças transformadoras”, concluiu Saboya.
Nessa mesma linha, o presidente da Abipti, Paulo Foina, falou sobre a necessidade de buscar recursos; sobre a inovação como geração de riquezas; e sobre o aproveitamento da diversidade brasileira. “Os ecossistemas locais de inovação não podem copiar modelos, porque eles dão certo em alguns lugares e em outros não. O Brasil, do tamanho que é, e com a sua diversidade, precisa aproveitar as capacidades naturais de cada região, com pesquisas, produtos de valor agregado e inovações, e não apenas vendendo comodities”.
Foina também apontou que a pandemia fez com que o governo percebesse que ciência e tecnologia são fundamentais para o país. “Os empresários precisam investir nessa área, mas o governo é socio. E precisamos mostrar para o governo que estamos despreparados para enfrentar um ataque biológico. Guerras biológicas e cibernéticas são vencidas com cientistas e não com generais”, disse o presidente da Abipti, ressaltando também a necessidade de um orçamento de longo prazo para o setor, e a importância de gestores públicos na área de ciência, tecnologia e inovação.