O Comitê de Investimentos e Negócios de Impacto, montado a partir da iniciativa ENIMPACTO (Estratégia Nacional de Investimentos e Negócios de Impacto), realizou sua última reunião de 2018, na qual apresentou um relatório com as atividades deste ano e algumas ações para serem realizadas nos próximos, com o objetivo de desenvolver e impulsionar o setor.
Estão previstas 18 ações, estruturadas em quatro eixos de trabalho, para serem realizadas ao longo de 10 anos. Estes eixos foram definidos no ano passado, juntamente com os grupos que irão trabalhar em cada uma destas frentes.
Ações 2018
O primeiro está relacionado ao aumento da oferta de capital. Uma das ações para desenvolver este eixo é a estruturação de um fundo contábil para direcionar mais recursos para os negócios de impacto. O fundo contará com apoio do BNDES, da Caixa Econômica, da Fundação Banco do Brasil e do Sebrae.
Aumentar o número de negócios de impacto é o segundo eixo. E, para realizar essa ação o grupo aposta no programa Inovativa de Impacto, do MDIC, que capacita e acelera negócios dessa natureza pelo Brasil. O coordenador da ENIMPACTO, Lucas Maciel, explicou que apesar do programa existir desde 2016, este ano ele foi alinhado com a estratégia para que incubadoras e aceleradoras pudessem atingir mais estes negócios.
No terceiro eixo, que é liderado pela Anprotec, o esforço se concentrou na realização do programa de Incubação e Aceleração de Impacto, que teve, neste ano, duas chamadas. Além disso, a atualização da metodologia CERNE, também ajuda incubadoras e aceleradoras a trabalhar com a temática da ENIMPACTO da melhor maneira.
Carlos Eduardo Bizzotto, gerente do CERNE, explica que, em discussão com o ICE, a Anprotec optou por não criar uma capacitação CERNE apenas para o tema de impacto, e sim incorporá-lo ao que se tem atualmente. Hoje, invés de três gerações de incubadoras, a Associação considera que existam quatro: Incubadoras com foco em Infraestrutura, com foco em Serviços, em Redes, e agora, Incubadoras com foco em Impacto.
“O Cerne tem que incorporar essa questão em sua essência. Por isso, reformulou todo o seu conteúdo, desde os princípios até premissas. E cada uma das práticas, agora, fazem referência à questão de impacto”, explicou Bizzotto.
Para o quarto eixo, que trata mais do âmbito dos trabalhos de melhorias normativas e legislativas, o grupo encaminhará ao legislativo um projeto de lei que qualifica os negócios de impacto.
Tendência mundial
Para o coordenador da ENIMPACTO, o grupo tem muito a comemorar, principalmente pela estratégia e pelos esforços de todos os atores, que estão alinhados com as propostas discutidas mundialmente nas maiores economias que compõem o G20.
“Esse relatório acompanha acontecimentos importantes. Ontem mesmo os representantes do G20 deram declarações afirmando que o investimento de impacto é um tema que vai mobilizar forças das 20 maiores economias do mundo. Isso mostra que estamos no caminho certo”, comentou Maciel.
Além disso, a OCDE registrou que as iniciativas que o Brasil têm realizado no âmbito dos negócios de impacto estão sendo referência para outros países que desejam fazer o mesmo. Um artigo publicado em agosto, assinado pelo Fórum Econômico Mundial e pelo Governo Britânico, também aponta a ENIMPACTO como modelo.
O documento será finalizado ainda este ano e disponibilizado para todos, principalmente para a equipe de transição do próximo governo, explicou Lucas Maciel.
“A conclusão é que esse foi apenas o primeiro passo. Ainda temos um caminho longo pela frente, mas muitos motivos para celebrar. Esperamos que o novo governo eleito assuma essa pauta e faça gestões para que esse tema continue andando, porque tem dado destaque para o Brasil em âmbito internacional e tem mobilizado atores em nível nacional também”.