Nesta sexta-feira (11/5), aconteceu no Porto Digital, em Recife (PE), o Welcome Aboard, evento de boas-vindas exclusivo para as aceleradoras e startups participantes da Turma 5 do programa Start-Up Brasil. O encontro, que dá início ao processo de aceleração das 46 startups selecionadas para este ciclo, marca a retomada do Start-Up Brasil, após um hiato entre 2016 e 2017.
Iniciativa do governo federal, o programa foi lançado pelo Ministério da Ciência, Tecnologias, Inovações e Comunicações (MCTIC) em 2012, com gestão da Softex – entidade privada que executa políticas públicas de incentivo ao mercado de tecnologia –, em parceria com aceleradoras. Contudo, em 2015, o clima de incerteza política associado a uma redução no orçamento do MCTIC levou à interrupção do Start-Up Brasil, que voltou à ativa apenas em agosto do ano passado.
Naquele mês, foram abertas inscrições para uma nova turma de aceleração e, em dezembro, começou o trabalho de escolher, dentre as 460 startups inscritas, as 50 empresas participantes da Turma 5 do programa. “Nós, como aceleradoras, valorizamos muito essa retomada, e o empenho dos atores envolvidos para que o programa esteja acontecendo. Sabemos o quão difícil e complexo foi fazer isso neste momento pelo qual o país passa”, destaca Sandro Cortezia, líder temático da Anprotec em Aceleradoras e fundador e diretor executivo da aceleradora Ventiur.
Hoje, no Welcome Aboard, as selecionadas para a Turma 5 do Start-Up Brasil foram oficialmente recepcionadas. A partir de agora, elas irão participar de um programa de aceleração em uma das 13 aceleradoras parceiras. Neste período, terão acesso a até R$ 200 mil em bolsas de Pesquisa e Desenvolvimento para seus profissionais e também a infraestrutura, mentorias, capacitações e eventos com investidores e grandes empresas. Além disso, receberão investimentos financeiros das aceleradoras, em troca de um percentual de participação acionária no negócio.
“Se o Start-Up Brasil não é uma parceria público-privada perfeita, assemelha-se muito a isso. É uma parceria público-privada exitosa”, frisa Cortezia, manifestando posição percebida junto às demais aceleradoras parceiras da iniciativa.
“O programa tem uma característica muito importante no nosso ponto de vista, que é utilizar o recurso público – de impostos que nós todos pagamos e que o governo tem disponível para investir em inovação –, de uma forma inteligente, numa parceria com a iniciativa privada, onde as empresas, no caso as aceleradoras, têm o compromisso de coinvestir para que o Start-Up receba o aporte do governo”, ressalta Cortezia.
Ele ainda lembra que existe todo um processo de seleção das startups, conduzido pela Softex, especialmente com o apoio do CNPq, mas que tal esforço não levaria a lugar algum se as aceleradoras não estivessem dispostas a coinvestir.
“Esse é o papel que nós assumimos junto com o governo, de validar a seleção feita pelo CNPq, comprometendo-nos a investir naquelas startups que acreditamos que têm potencial. Então, o nosso compromisso é o de investir, ajuda-las a crescer e a se desenvolver. E se tivermos a competência necessária e, talvez, um pouco de sorte, lá na frente, teremos o desinvestimento e, aí sim, esperamos ganhar o retorno de todo o trabalho feito”, afirma Cortezia.
Esse formato do Start-Up Brasil tem se mostrado, na visão de Cortezia, “até um modelo a ser replicado em outros programas de governo, outras secretarias, outras áreas”.
Resultados alcançado e perspectivas futuras
Com a turma atual, o Start-Up Brasil já soma 3.315 inscrições e 229 startups apoiadas. E esse suporte tem rendido bons resultados. “Das startups já aceleradas pelo Start-Up Brasil, do nosso portfólio, pelo menos duas já receberam rodadas de investimento após a participação no Programa e, hoje, estão num bom caminho de crescimento. Há, também, uma aceleradora que já fez o seu desinvestimento, já vendeu sua participação numa startup e teve um bom retorno. Isso demonstra a importância desta iniciativa para o ecossistema”, salienta o fundador e diretor executivo da Ventiur.
A aceleradora – que teve o seu primeiro exit em 2016, quando os sócios da Devorando venderam a startup para o iFood –, agora, vê os empreendedores apoiados lá atrás ingressarem no Start-Up Brasil com uma nova empresa. “Acho que isso também é um ponto relevante. Eles estão crescendo muito e, certamente, serão outro caso de sucesso que poderemos contar logo ali na frente”, considera Cortezia.
Para André Ghignatti, CEO da Wow Aceleradora – que, assim como a Ventiur, é parceira da iniciativa – o Start-Up Brasil, por ser um programa de alcance nacional, tem impacto muito positivo no ecossistema.
“Além de permitir ampliar o deal flow das aceleradoras, o recurso aportado pelo programa dá fôlego para projetos que tenham maior base tecnológica. Na Wow, temos vários cases de sucesso de startups vindas do programa. Num deles, inclusive, os empreendedores fizeram um exit parcial e se tornaram investidores na Aceleradora. Representa dinheiro e conhecimento gerado pelo ecossistema voltando para o ecossistema!”, enfatiza Ghignatti.
Apesar dos resultados já alcançados, Cortezia avalia que, passados cinco anos da criação do Start-Up Brasil, o programa precisa de melhorias. Inclusive, o trabalho neste sentido já vem sendo feito. “Ontem, tivemos uma reunião das aceleradoras com os representantes da Softex e da SEPOD – Secretaria de Políticas Digitais, discutindo pontos que todos nós acreditamos que podem ser aprimorados na continuidade do Start-Up Brasil”, conta, acrescentando que o programa foi e vai continuar sendo muito importante para fortalecer o ecossistema de empreendedorismo brasileiro.
Na mesma linha, Robert Janssen, representante da aceleradora OBr – também participante do Start-Up Brasil – lembra que se trata de um “programa de Estado, de nação, é um programa para o futuro, para que o Brasil possa, realmente, ser um protagonista dentro do ecossistema de empreendedorismo e inovação mundial. Então, nós estamos juntos, estamos comprometidos e vamos jogar para ganhar”.