Desafios e propostas para superar gargalos rumo ao amadurecimento dos ecossistemas de inovação foram discutidos no painel “Como integrar os Parques Tecnológicos ao contexto da vivência das Universidades?”, realizado durante a FINIT (Feira Internacional de Negócios, Inovação e Tecnologia), em Belo Horizonte (MG), no início do mês.
Coordenado pela professora Adriana Ferreira de Faria, do Núcleo de Tecnologias de Gestão da Universidade Federal de Viçosa, o painel contou com a participação do presidente da Anprotec, Jorge Audy; do presidente do CNPq, Mario Neto Borges; do presidente da Fapemig, Evaldo Ferreira Vilela; do direto-presidente do BH-TEC, Ronaldo Pena; e do presidente da Abenge, Vanderli Fava de Oliveira.
Iniciando as discussões, Adriana chamou a atenção para o fato de que o país segue retrocedendo em índices mundiais de inovação e competitividade. Para se ter uma ideia, em 2011, o Brasil ocupava a 47ª posição no ranking de países mais inovadores divulgado anualmente pela Universidade de Cornell (EUA), pela Escola de Negócios Insead e pela OMPI (Organização Mundial de Propriedade Intelectual). Neste ano, o país ficou na 69ª no ranking.
Enquanto isso, no índice de economias mais competitivas, divulgado pelo IMD (International Institute for Management Development) e pela FDC (Fundação Dom Cabral), o Brasil apareceu em antepenúltimo lugar neste ano, ou seja, na 61ª posição, sendo que, em 2010, chegou ao 38º lugar.
Neste contexto, o investimento em Pesquisa e Desenvolvimento é considerado fundamental para que o país se torne mais inovador. Contudo, no Brasil, mais da metade dos recursos investidos em P&D vem do setor público, enquanto nos países mais desenvolvidos, até 75% do investimento na área é proveniente do setor privado. Além disso, os países que se destacam nos rankings de inovação e competitividade investem 2% ou mais de seu PIB em P&D. No Brasil, essa parcela não chega a 1% do PIB.
Soma-se à questão do investimento, o problema da cultura e da mentalidade vigente nas universidades, conforme destacou o presidente da Anprotec e um dos idealizadores de um dos parques tecnológicos de referência no Brasil, o Tecnopuc.
Segundo Audy, ainda há certa resistência das universidades quanto à interação com o setor privado, em função do receio de acabarem “vendidas” aos interesses do mercado. Para ele, este tipo de imaginário é o de uma universidade que não existe mais. Instituições tradicionais, como Cambridge e Oxford, por exemplo, contam com parques tecnológicos atuantes e têm próxima relação com empresas há, pelo menos, meio século.
Para que a inovação aconteça, na visão de Audy, é fundamental ter gente com talento, ideias e capital. “A universidade é um alicerce central para a inovação porque é onde esse talento e conhecimento são gerados. Por isso, deve ser ativa na relação com o governo e com as empresas, agindo diretamente e promovendo a transformação social através da Ciência, Tecnologia e Inovação”, ressaltou durante o painel.
O presidente da Anprotec também salientou que este é o momento para que as instituições de ensino brasileiras adotem a promoção da inovação como missão, ao lado de ensino e pesquisa. Para tanto, devem modernizar a gestão e a estrutura do ambiente acadêmico, de modo a complementar a atuação dos parques tecnológicos, que contribuem para o fortalecimento de empresas inovadoras e para as condições de empregabilidade da população.