Com moderação do vice-presidente da Anprotec, José Alberto Aranha, a sessão plenária 2 reuniu, na manhã desta terça-feira, mais de 500 pessoas para assistir ao debate que contou com a presença de Josep Piquet, presidente da Associação Internacional de Parques Tecnológicos (IASP), e o deputado federal Otávio Leite (RJ). Os participantes discutiram a evolução dos conceitos, formatos de funcionamento e legislação concernentes aos ecossistemas de inovação.
Em uma apresentação de cerca de 50 minutos, Josep Piquet elencou a gestão de talentos em tecnologia e o acesso ao financiamento como os principais desafios para a criação de um ambiente de inovação robusto. “Precisamos ir além do que já fazemos hoje, que é coordenar a tríplice hélice (componente público, universidade e empresas). Atualmente, precisamos saber ser híbrido e ir além da teoria dos clusters e ter uma abordagem holística – urbana, social, legal”, relata Piquet, referindo-se à uma nova realidade dos ambientes de inovação em que as grandes corporações vêm adquirindo startups, em vez de promoverem, dentro das empresas, ações disruptivas.
Para o presidente da IASP, cabe aos gestores atuais de ambientes de inovação assumirem novos papeis, entre eles o de garantir que o ecossistema seja formado por empresas bem-sucedidas e promover a conexão entre startups e financiadores. “Não somos mais só gestores do ecossistema local, mas conectores de ecossistemas globais”, define Piquet. Para ele, outro ponto crítico e desafiador aos gestores para a construção de um ecossistema de inovação é a retenção de talentos: “A cidade é a grande plataforma dos talentos. Um talento pode trabalhar em qualquer lugar do mundo, mas ele vai escolher onde há a melhor qualidade de vida. E a qualidade de vida vem também a partir do uso de novas tecnologias para garantir, por exemplo, uma boa mobilidade, saúde, entre outros”.
Piquet apresentou cases de várias cidades e distritos no mundo, como Barcelona, na Espanha; Skolkovo, na Rússia; e Ann Arbor, nos EUA, onde, por meio da criação de ambientes de inovação voltados para as cidades, foi possível criar regiões para se morar e trabalhar com qualidade de vida. “São projetos de smart cities onde as cidades são laboratórios vivos de desenvolvimento”, relata ele, que também apresentou cases brasileiros como o Porto Digital (PE), Centro Sapiens (SC) e Porto Maravilha (RJ).
Atuante na formatação de legislações e atividades de incentivo e de desburocratização do sistema empreendedor, o deputado Otávio Leite, em seu discurso, reforçou a importância da existência de um ambiente legal favorável ao desenvolvimento do empreendedorismo para que a inovação seja efetiva. “Existem dois pilares básicos para que a inovação ocorra e se o sistema se fortaleça: com regulação moderna que desburocratize os processos e que o empreendedor tenha acesso ao capital”, diz.