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* Texto publicado originalmente na Folha de Londrina, em 1/8/2017, em homenagem a Silas Gonçalves de Barros.
“O legado de Silas Gonçalves de Barros ficará para sempre no reconhecimento das empresas beneficiadas por seu trabalho e dos muitos amigos e admiradores”
Mais inesperada do que de costume, a morte colheu um grande talento de Londrina no último dia 29 de junho, aos 63 anos, por um problema cardíaco.
Conheci o Silas Gonçalves de Barros em 1994. Estávamos na sede da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina), em reunião para selecionar um gerente para a Incil (Incubadora Industrial de Londrina), fruto de uma parceria entre a Codel/Idel (Instituto de Desenvolvimento de Londrina) e a recém-nascida Adetec (Associação do Desenvolvimento Tecnológico de Londrina).
A incubadora nascia como a primeira alavanca de um movimento para estruturar em Londrina um polo de inovação tecnológica, numa época em que inovação ainda estava longe de ser a moda que é hoje. Por isso, o gerente desse empreendimento era uma figura chave para seu sucesso.
Entre seis ou sete bons candidatos, a escolha unânime dos membros da banca de seleção, composta por João Milanez, da FOLHA, e presidente da Adetec, Abílio Medeiros (Codel), Assad Janani (Sercomtel), Francisco Negri (Acil), Elson Spigolon (Copel), Cléber Tóffoli (Funtel), Ivan Dias (UEL), Paulo Sendin (Iapar) eu e alguns outros, recaiu sobre aquele técnico em Eletrônica, ex-aluno e professor do Ipolon, com graduação e pós em Sociologia, que a todos impressionou pela postura objetiva e determinada.
A escolha não poderia ter sido mais feliz: nos cinco anos em que gerenciou a Incil, com respaldo de um conselho técnico formado por 12 das principais instituições da cidade, e ajuda de amigos e mentores da Adetec, como Gina Paladino, a incubadora floresceu e frutificou. Foram 45 empresas incubadas, com uma taxa de mortalidade após cinco anos inferior a 15 por cento.
Entre as empresas que ali nasceram, o maior caso de sucesso foi a Angelus Indústria de Produtos Odontológicos, hoje no Parque Tecnológico de Londrina, que gera em torno de 100 empregos em pesquisa, desenvolvimento e produção de materiais inovadores para Odontologia, com dezenas de patentes registradas no Brasil, Europa, Ásia e Estados Unidos.
Liderando uma pequena equipe, com apoio direto do Sebrae, Senai e outras instituições, Silas impôs na incubadora seu estilo de gestão, severo nas questões administrativas e extremamente solícito com as necessidades daquelas empresas nascentes, que davam seus primeiros passos no mercado.
Também ampliou a rede de relacionamentos da Incil, com participação significativa na Anprotec (Associação Nacional de Incubadoras e Parques Tecnológicos) e em diversas missões técnicas no país e no exterior, além de experiências posteriores igualmente significativas, entre elas na consolidação da Intuel (Incubadora Tecnológica da Universidade Estadual de Londrina).
Infelizmente, aquela experiência tão exitosa foi interrompida em 1999, por injunções de uma política local que chegara ao fundo do poço (dois anos após retirar a Adetec da gestão da incubadora, a Codel não teve outra alternativa senão fechá-la).
Mas o legado de Silas Gonçalves de Barros, inesquecível gerente da Adetec e da Incil, ficará para sempre no reconhecimento das empresas beneficiadas por seu trabalho e dos muitos amigos e admiradores que desfrutaram de sua convivência.
TADEU FELISMINO é fundador e diretor da Adetec e diretor de Inovação do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar)
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