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Nesta terça (27) e quarta-feira (28) a Anprotec participa do 7º Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria, realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O evento, que debate as maiores tendências em inovação e tecnologia digitais e como impactarão a indústria brasileira e a capacidade de competir internacionalmente, reúne líderes empresariais, autoridades e especialistas em inovação do Brasil e do mundo.
Abertura
O Brasil precisa investir na agenda de inovação para retomar o crescimento econômico e ser competitivo em meio à nova revolução que ocorre no setor. “A inovação industrial é a mola mestra para estimular o desenvolvimento das atividades econômicas”, afirmou o vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Paulo Afonso Ferreira, na abertura do evento.
O presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, lembrou do papel das micro e pequenas empresas, que representam 98% das empresas do país, e reiterou a importância de desfazer barreiras à inovação. “Para criar inovação, é preciso estar num ambiente favorável, sem tanta burocracia”, disse.
Empreendedorismo exponencial
O primeiro dia do Congresso contou também com palestra do empresário Peter Diamandis, cofundador e presidente da Singularity University, escola de negócios do Vale do Silício, e fundador da XPRIZE Foundation. “Nos próximos 20 ou 30 anos, vamos remover a miséria do mundo”, afirmou Diamandia.
Autor dos best sellers “Abundância” e “O Futuro é melhor do que você imagina”, Diamandis enfatizou que os alimentos ficarão mais baratos, assim como a energia e o transporte. “Em poucos anos, conseguiremos atender todas as demandas da humanidade. O benefício de desmaterializar e desmonetizar é democratizar”, disse.
Peter Diamandis alertou, no entanto, que a tecnologia também significará perdas de empregos. Para acompanhar as mudanças cada vez mais velozes, os profissionais terão, segundo ele, que ser empreendedores. Não será uma mudança inédita – ele lembrou que há não muito tempo praticamente toda a população mundial trabalhava no campo, enquanto hoje esse índice não chega a 5%. Diamandis mencionou que em duas décadas 90% da população mundial será de pessoas alfabetizadas.
Situação atual e as perspectivas da inovação no Brasil
Ainda no primeiro dia, aconteceu um painel sobre a situação atual e as perspectivas da inovação no Brasil. A transformação da indústria é uma realidade sem volta que tem acontecido de forma cada vez mais rápida. Para o Brasil não ficar para trás será preciso ampliar os investimentos na agenda de inovação. A presidente do Conselho de Competitividade dos Estados Unidos, Deborah Wince Smith, afirmou que a tendência mundial para o setor industrial vai no caminho da manufatura avançada. Ela citou a empresa Embraer como exemplo de empresa que está no caminho da 4ª revolução industrial.
O reitor da Escola de Negócios da Universidade de Cornell, Soumitra Dutta, enfatizou que cabe ao setor privado adotar “escolhas certas” para que a inovação desponte no Brasil. Ele mencionou, no entanto, que o poder público também é imprescindível nessa agenda. “Não se pode diminuir o investimento em pesquisa e desenvolvimento. A iniciativa da China é fantástica, por meio de muito investimento em inovação. A participação do governo também é uma necessidade. Todos os países que estão à frente na agenda da inovação contam com uma grande participação do governo”, frisou.
Startups e a conexão com grandes empresas
Já na manhã do segundo dia do evento, a conexão entre startups e grandes empresas foi tema de um dos painéis, que debateu as transformações que acontecem atualmente no mundo na forma de produzir resultantes do desenvolvimento tecnológico. Nesse processo, as startups têm ganhado cada vez mais espaço no Brasil.
“Passamos mundialmente por uma mudança de paradigmas. A tecnologia tem mudado muito. É preciso eliminar o medo de intermediar o negócio, cortar o investimento tradicional e partir para um novo modelo de negócios em que as empresas terão de estar cada vez mais interligadas umas às outras”, destacou Lak Ananth, CEO da next47, que pertence à alemã Siemens. A função da next47 é buscar startups para dentro da Siemens e levá-las para os grandes clientes da empresa.
Grandes multinacionais com presença no Brasil, como a Microsoft e a Samsung, trabalham também em parceria com startups e têm atuado para promover a cultura da inovação no país. “Temos uma jornada empreendedora, capacitamos crianças dos 6 aos 15 anos com o acesso à tecnologia. Tudo isso gratuito. Doamos também softwares para escolas para incentivar professores. Mais de 30 mil pessoas por ano estão sendo capacitadas”, disse Franklin Luzes Junior, COO da Microsoft.
A diretora técnica do Sebrae, Heloisa Menezes, citou a “Síndrome Kodak”, uma expressão que tem sido usada no mundo corporativo para identificar situações em que grandes empresas já estabilizadas são ameaçadas e até mesmo destruídas por pequenos negócios que introduziram inovações capazes de revolucionar o mercado.
“As empresas quando crescem e atingem o grau de maturidade precisam estar atentas à necessidade de se reinventarem. Entretanto, é muito comum que executivos de grandes corporações resistam às inovações e não consigam perceber a oportunidade que a associação com pequenos negócios representa”, comentou. Em contraposição, ela lembrou do exemplo do Facebook que soube enxergar a inovação a partir dos seus competidores, como Instagram e Whatsapp.
Segundo Heloisa Menezes, em um contexto de economia hiperfluida e de competição global, as empresas precisam ser cada vez mais inovadoras e mutáveis e não podem se acomodar com o crescimento linear enquanto outras realizam um crescimento exponencial. Por esse motivo, de acordo com a diretora, apoiar o crescimento das startups por meio de parcerias com as grandes empresas tem sido foco das ações do Sebrae.
*Com informações da CNI
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