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A Anprotec, em conjunto com outras 16 entidades, assinou uma carta aberta à sociedade brasileira em defesa do autofinanciamento dos cursos de pós-graduação lato sensu (especialização) nas universidades públicas, com exceção dos programas de residência e de formação de profissionais na área de ensino.
O documento foi construído pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) em virtude da não aprovação pela Câmara dos Deputados, no dia 29 de março, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 395/2014, que permitia a instituições públicas de ensino superior e institutos federais cobrar por cursos de extensão e especialização. O projeto recebeu 304 votos a favor e 139 contra. Por apenas 4 votos a PEC não passou e agora será arquivada.
Segundo a carta, na maior parte das áreas do conhecimento, a manutenção ou criação deste tipo de capacitação depende diretamente da contribuição financeira dos alunos porque não há recursos para ofertá-los de forma gratuita. As entidades afirmam que “a quebra do autofinanciamento aplicado a esses cursos levará à extinção da pós-graduação lato sensu nas universidades públicas, restringindo-se às universidades privadas a exclusividade de sua oferta”.
As entidades lembram ainda que o dinheiro oriundo dos cursos permite a concessão de bolsas para estudantes com dificuldades financeiras ou desempregados, assim como auxilia na infraestrutura das universidade, favorecendo inclusive cursos de graduação, mestrado e doutorado destas instituições.
Por fim, o documento destaca que no dia 20 de abril o Supremo Tribunal Federal (STF) analisará a constitucionalidade da cobrança dos cursos de pós-graduação lato sensu nas universidades públicas. “A decisão favorável para a continuidade de oferta dos cursos de pós-graduação lato sensu, sustentados pela colaboração direta da sociedade, e principalmente em um ambiente de segurança jurídica, contribuirá para que as universidades públicas cumpram seu papel social no mundo contemporâneo. Quando a universidade pública ganha, a sociedade também ganha!”, destaca as entidades.
Além da Anprotec, assinam a carta a ABC, Aciesp, ANM, Abenge, Abruem, Andifes, ABIPTI, Crub, Confies, Confap, Consecti, Fortec, Forlato, Foprop, SBC e SBPC.
Leia a carta na íntegra:
Carta aberta à sociedade brasileira
Quando a universidade pública perde, a sociedade perde.
As comunidades acadêmica, científica, tecnológica e de inovação, representadas por suas entidades nacionais – ABC, ACIESP, ANM, ABIPTI, ABENGE, ABRUEM, ANDIFES, ANPROTEC, CRUB, CONFIES, CONFAP, CONSECTI, FORTEC, FORLATO, FOPROP, SBC e SBPC vêm a público manifestar-se em defesa do autofinanciamento dos cursos de pós-graduação lato sensu (especialização) nas universidades públicas, excetuados os programas de residência e de formação de profissionais na área de ensino. As entidades ratificam seu permanente compromisso com a universidade pública, gratuita e de qualidade na graduação e na pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado).
Na atualidade, as instituições públicas e privadas, as empresas e os profissionais demandam novos cursos de especialização, objetivando a maior empregabilidade, mobilidade e capacitação, em um processo contínuo de formação e desenvolvimento de novos conhecimentos e competências. Diante deste cenário, observa-se que os alunos dos cursos de pós-graduação lato sensu são profissionais, em sua maioria, empregados, que demandam necessidades específicas para esses cursos – recursos humanos e materiais – que geram custos extraorçamentários para as universidades.
Na maioria das áreas de conhecimento e de atuação profissional, a oferta dos cursos lato sensu depende da direta contribuição financeira dos alunos. A quebra do autofinanciamento aplicado a esses cursos levará à extinção da pós-graduação lato sensu nas universidades públicas, restringindo-se às universidades privadas a exclusividade de sua oferta. Este fato se apoia na realidade de que as universidades públicas não dispõem de recursos orçamentários para financiar a gratuidade dos cursos de pós-graduação lato sensu.
Há décadas que, com base na autonomia universitária, os colegiados das instituições públicas de ensino superior deliberam pela pertinência da cobrança dos cursos de especialização, por considerarem uma prática legítima, justa, solidária e estratégica ao país. Em decorrência disso, foram construídos mecanismos de institucionalização e controle, que garantem a transparência, legalidade e qualidade acadêmica que caracterizam essas práticas.
Adicionalmente, a cobrança dos cursos de pós-graduação lato sensu possibilita a concessão de bolsas para alunos com vulnerabilidade socioeconômica ou desempregados, bem como o investimento de parte da contribuição financeira na infraestrutura das unidades acadêmicas, o que beneficia diretamente toda a instituição, em especial os cursos de graduação, mestrado e doutorado.
O Supremo Tribunal Federal julgará no próximo dia 20 de abril do corrente ano a constitucionalidade da cobrança dos cursos de pós-graduação lato sensu nas universidades públicas. A decisão favorável para a continuidade de oferta dos cursos de pós-graduação lato sensu, sustentados pela colaboração direta da sociedade, e principalmente em um ambiente de segurança jurídica, contribuirá para que as universidades públicas cumpram seu papel social no mundo contemporâneo. Quando a universidade pública ganha, a sociedade também ganha!
Brasil, 07 de abril de 2017
Academia Brasileira de Ciências – ABC
Academia de Ciências do Estado de São Paulo – ACIESP
Academia Nacional de Medicina – ANM
Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica e Inovação – ABIPTI
Associação Brasileira de Educação em Engenharia – ABENGE
Associação Brasileira dos Reitores das Universidades Estaduais e Municipais – ABRUEM
Associação Nacional de Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior – ANDIFES
Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores – ANPROTEC
Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras – CRUB
Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica – CONFIES
Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa – CONFAP
Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação – CONSECTI
Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia – FORTEC
Fórum Nacional de Pós-Graduação Lato Sensu – FORLATO
Fórum Nacional de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação – FOPROP
Sociedade Brasileira de Computação – SBC
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC
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