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O Fórum Brasil-China de Parques Tecnológicos reuniu alguns dos mais expressivos nomes desse setor no país. Aliás, trouxe para o debate algumas das principais referências da agência de fomento da política nacional para Parques Tecnológicos, industriais e incubadoras da China, a Torch Center.
O evento foi uma idealização da Anprotec, que contou, para realizá-lo, com a parceira dos Ministérios da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e Relações Exteriores, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Parque Tecnológico de São José dos Campos.
Durante a manhã e tarde, da segunda-feira 18 de julho, num dos auditórios do Parque Tecnológico de São José dos Campos, autoridades, pesquisadores e representantes do setor fizeram palestras e refletiram sobre os caminhos por vir.
“Fortalecermos a pareceria com a China é vital. Em 2025 eles serão a vanguarda entre Parques Tecnológicos no mundo”, afirma Romero Gonçalves Ferreira Maia Filho, Diplomata da Embaixada do Brasil em Pequim e designado para ser o intermediador entre os dois países de possíveis parceiras no setor. “Minha ação será a de acertar compromissos. Juntar as pontas. Vivemos um momento histórico dessa relação. Devemos aproveitá-lo ao máximo”.
Para Romero, a China vê o Brasil como parceiro prioritário na América Latina, em termos de acordos entre Parques Tecnológicos. Afinal, temos a maior concentração de Parques no continente, mas existem diferenças culturais que precisam ser observadas. “Os chineses são muito rígidos com a hierarquia. Não é da cultura deles o debate amplo”, lembra. Por outro lado, a política brasileira, de acordo com Romero, causa “frustração”. “Temos oportunidades de resolvermos questões comuns. Apesar de ser a segunda economia do mundo, assim como o Brasil, a China é também um país em desenvolvimento”.
Manuel Adalberto Carlos Montenegro Lopes da Cruz, Diplomata do Ministério das Relações Exteriores é outro ator significativo para o entendimento dos chineses, como cultura e em suas práticas de negócio. Ele acompanha a formação de estratégias de relacionamento bilateral entre Brasil e China. “Estabelecemos até 2021 diversas ações diplomáticas, de negócio, educacionais. Todas elaboradas para trazer os melhores resultados para o Brasil”.
Assim como a China, por sua visão, está transformando a percepção da comunidade internacional sobre seus produtos de “Made in China para Invented in China”, o Brasil precisa “aquilatar” seu valor. “Os Parques Tecnológicos nos permitem fazer inovação pelo conhecimento. Como Nação, temos de estar atuantes e presentes no mapa tecnológico do mundo.”
Smart Cities
Fabiano Passuelo Hessel, do Tecnopuc – Parque Científico e Tecnológico da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), falou sobre a importância da construção de smart cities no Brasil e no mundo durante o Fórum.
“Pensar em cidades inteligentes é pensar num trabalho integrado de diversos profissionais. Todos buscando soluções duradouras.”
Enumerou cases e mostrou modelos técnicos para serem aplicados pelos municípios interessados. “A implementação dos trabalhos deve contemplar a necessidade de cada local”.
O Tecnopuc conta com 120 organizações, gerando mais de 6,3 mil postos de trabalho. Está em Porto Alegre e Viamão, cidade próxima à capital gaúcha. Tem uma ação multissetorial, focada nas áreas de Tecnologia da Informação e Comunicação; Energia e Meio Ambiente; Ciências da Vida; Indústria Criativa.
Política de Tecnologia
Romildo Toledo Filho, Diretor do Centro China-Brasil da Coppe (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro), em sua apresentação, destacou a importância de se discutir a elaboração de políticas de tecnologia.
“Temos muito a aprender com a parceria firmada com os chineses. Precisamos entender como inovar de forma mais rápida.” Para ele, essa questão é crucial, neste momento, se quisermos, como país, nos manter num patamar de igualdade com o que é feito internacionalmente.
Ele ressaltou, também, a importância das pesquisas realizadas em energia solar, com o hidrogênio e na utilização do óleo e gás como fontes energéticas. “Nos últimos anos, fomos responsáveis pela formação acadêmica de nove doutores chineses, especializados em óleo e gás”, disse.
O Centro China–Brasil é uma cooperação tecnológica e acadêmica entre a Coppe, e a Universidade de Tsinghua, referência universitária chinesa em engenharia. A parceria focada estudos sobre as mudanças climáticas e utilização de tecnologias destinadas à produção de energia.
O Centro surgiu em 2009, com o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Ele estabelece contatos com empresas brasileiras e chinesas, firmando trabalhos conjuntos no desenvolvimento tecnológico de sua área de ação. Forma, ainda, recursos humanos, ao promover intercâmbio de alunos de doutorado, professores e pesquisadores. E formula sugestões de estratégias e ações para subsidiar decisões dos governos brasileiro e chinês nas áreas de energia e meio ambiente.
Promovendo integração
O Diretor do Parque Tecnológico de São José dos Campos, Elso Alberti Júnior, afirma que é preciso que todos os níveis governamentais olhem para o desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação (CT&I) como vetores fundamentais para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. “A partir desse entendimento, podemos implementar políticas públicas com resultados extraordinários”.
Ele relembra, ainda, a necessidade fundamental de envolver as empresas nesse processo. “CT&I não é pesquisa básica na Universidade. Sem dúvida algo fundamental de ser feito. Mas CT&I é mais”. Ele entende esse “mais”, como geração de emprego e renda. Criar, pela inovação, um contexto propício entre a geração de conhecimento e setor produtivo. “Promove-se a integração dos setores acadêmicos e produtivos da sociedade. É um processo”.
Entre outros números, o Parque Tecnológico de São José dos Campos tem 60 empresas (do setor aeroespacial, automotivo, energia, óleo e gás, saúde, têxtil, TIC, transporte, entre outros). Tem 32 empresas incubadas e acordos de cooperação firmados com clusters aeroespaciais no Canadá, Suécia, Inglaterra, Holanda, além de dois parques tecnológicos e instituições governamentais chinesas. Possui contratos e convênios para parcerias e subsídios com Finep, APEX, ABDI, Sebrae, SDECTI/SP, BNDES. Está numa área de 2.500 hectares e desde sua criação, em 2009, reuniu investimentos que somam R$ 1,89 bilhão.
Prestação de Serviço
Rui Kay, representante do Tianjin Binhai Hi-tech Industry Development Zone, localizada numa das mais expressivas cidades da costa norte chinesa, Tianjin, enfatizou o trabalho de apoio feito pelo seu Parque Tecnológico às empresas que estão com eles. “Fornecemos prestação de serviço jurídico, de contabilidade, entre outros, para garantir a instalação dos interessados conosco”. Eles também promovem o intercâmbio de informações industrias e consultoria de comunicação.
O Tianjin Binhai Hi-tech Industry Development Zone concentra empresas em desenvolvimento de softwares, biotecnologia, saúde, tecnologia da informação, green energy. Algumas de seus principais investidores são Siemens, Toyota, Samsung, Microsoft, Sanyo and NEC.
Projetando o futuro
O Zhangjiang National Innovation Demonstration Zone, localizado em Xangai, é uma das visões do futuro que a China quer mostrar quando fala na construção de seus Parques Tecnológicos.
Yu Qiguo, seu representante durante o Fórum, falou sobre os milhares de Yuans investidos na localidade para assegurar um contexto propício ao desenvolvimento de pesquisas.
Distribuído por 79,7 quilômetros quadrados, o local é ambicioso. Eles projetam a construção de modernos centros de pesquisas e centros empresarias, ao lado dos prédios existentes, ligados por um transporte público de altíssima qualidade, com a preservação do meio ambiente, rios e fontes presentes.
Originado em 1992 o Zhangjiang National Innovation Demonstration Zone é considerado um dos principais Parques Tecnológicos chineses. Diversas grandes empresas de tecnologia convivem com empreendedores de médio e pequeno porte. GE, Roche, DOW, Novartis, HP são algumas das multinacionais instaladas na área.
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