Mestre em Ciências da Computação e doutora em Engenharia Elétrica, Francilene Garcia preside a Anprotec, o Conselho Nacional de Secretários para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação (Consecti) e a Fundação Parque Tecnológico da Paraíba, um dos mais tradicionais parques tecnológicos do Brasil. Professora da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), tem experiência em assuntos relacionados à promoção do empreendedorismo, a modelos de inovação e à criação de startups. Nesta entrevista, Francilene aborda os 25 anos da Conferência Anprotec, o tema principal do evento e o papel do empreendedor brasileiro na crise econômica.
A Conferência deste ano é um marco histórico, pois completa 25 anos da realização do evento. Quais as novidades propostas pela Anprotec para esta edição?
O marco cronológico dos 25 anos do evento trouxe principalmente uma mudança conceitual desse que é o maior encontro do segmento na América Latina. Conhecido, até então, como Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas, o evento passou a ser chamado de Conferência Anprotec de Empreendedorismo e Ambientes de Inovação. A nova identidade caracteriza o evento de forma mais adequada: a estrutura da programação que vem sendo realizada nos últimos anos é de uma Conferência; há muitos anos conta com a participantes e convidados estrangeiros; e já não está limitado à temática de incubadoras e parques tecnológicos, representando o movimento e todos os seus agentes e relações. Toda essa mudança conceitual reforça a importância e a proporção que o evento tomou nos últimos anos. Com quase mil participantes por edição, a Conferência Anprotec se consolidou como um dos grandes encontros internacionais do empreendedorismo inovador. Em 2014, por exemplo, participantes de 14 diferentes países estiveram em Belém (PA) para prestigiar a nossa programação.
O tema do evento fala sobre a importância de ambientes de inovação mais sustentáveis e ligados ao desenvolvimento regional e local. Qual o papel do movimento de incubadoras de empresas e parques tecnológicos na promoção de um desenvolvimento sustentável?
O movimento, ao longo de sua trajetória, vem experimentando novas alternativas que caminham para a interiorização, apoiando o desenvolvimento de segmentos vocacionados a dinamizar as economias locais e regionais. Transformar os ambientes de inovação, como incubadoras de empresas e parques tecnológicos, em plataformas de desenvolvimento sustentável e de mudança social consolida-se como uma importante bandeira da Anprotec para os tempos atuais e para o futuro.
Qual o papel do empreendedor brasileiro diante do cenário econômico que o país vive hoje? O empreendedorismo inovador pode ser uma oportunidade para a retomada do crescimento?
Em geral, empreendimentos inovadores buscam se diferenciar, em alguma dimensão, de outros empreendimentos existentes no mercado. Tais empreendimentos buscam nos desafios, como o cenário ruim da economia, novas oportunidades de crescimento e sustentabilidade. Em tempos de crise, também conta a capacidade do empreendedor de perceber e apresentar alternativas para lidar com recursos escassos e mudanças nas prioridades no perfil de consumo. A visão seletiva do empreendedor inovador pode ser uma importante aliada nesses momentos, inclusive para a retomada do crescimento.