A primeira sessão plenária da 25ª Conferência Anprotec abordou a temática principal do evento na manhã desta quarta-feira (21). Moderada pela presidente da Anprotec e do Conselho Nacional dos Secretários de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Consecti), Francilene Garcia, a atividade trouxe diferentes visões e experiências relacionadas a inovações que oferecem à sociedade não apenas benefícios econômicos e produtivos, mas também ambientais e sociais.
Na abertura da sessão, além de apresentar o tema, “Ambientes de inovação mais sustentáveis – o empreendedor como protagonista da nova economia”, a presidente da Anprotec aproveitou para comentar o marco histórico do evento. “Destaco a todos aqui presentes, em especial ao Sebrae, a importância de estarmos completando 25 edições do nosso evento. Começamos lá atrás, com duas dezenas de pessoas. Todos nós que fazemos parte desse movimento sabemos do valor e da curva de aprendizagem que tivemos ao longo desses anos. Participações internacionais, como as desta sessão, são fundamentais para que possamos cada vez mais estimular nossas metas e sonhos”, pontuou.
Na sequência, foi exibido o vídeo da apresentação do pesquisador sênior do Instituto de Tecnologia de Israel, Shlomo Maital, que não pôde estar presente. Maital contou sobre as lições práticas que Israel aprendeu sobre o empreendedorismo inovador, começando pela necessidade de se criar um ecossistema vibrante. “É preciso ter boas escolas, um trânsito que flua, vida noturna, dinheiro para investimentos, além de habilidades e talentos com os quais você possa contar”, disse.
A partir de exemplos observados em vários países, Maital criticou a busca cega pela tecnologia e disse que ela deve vir em último lugar. “Nos meus 45 anos de experiência, já vi engenheiros empreendedores fazerem mágica e mesmo assim fracassarem, porque ninguém precisava da tecnologia deles. O que vem em primeiro lugar é o ‘porquê’ e o ‘para quem’. Os ambientes de inovação devem ser criados com base em evidências, em dados.” Maital encerrou sua participação falando sobre a importância da distribuição dos ganhos de um ambiente de inovação para toda a população e os perigos que o empreendedor enfrenta no caminho entre a ideia e o sucesso comercial.
O segundo convidado, o vice-presidente de Estratégia Criativa do Centro de Economia Criativa e Inovação de Daegu (CCEI), Kyu-Hwang Yeon, iniciou sua participação esclarecendo o conceito de Economia Criativa sob a visão do governo da Coréia do Sul. “Trata-se do incentivo a ciência e tecnologia em indústrias convergentes, criando novos mercados, empresas e empregos. O governo central dá as direções gerais, o regional, suportes específicos e, por fim, as multinacionais compartilham conhecimento e dinheiro”, esclareceu.
Após apresentar o cenário econômico do país – desfavorável se comparado a países como o Japão –, fez uma crítica à população. “Os jovens coreanos só querem trabalhar nas empresas grandes porque se paga mais, eles não procuram por startups ou pequenas empresas. Essa falta de empreendedorismo em uma cultura que tem aversão a riscos é um problema.” Para Kyu, o capital humano é o mais importante, logo, é preciso educar, treinar e estimular a criatividade das pessoas cada vez mais. “Temos que motivá-las a pensar diferente e a sempre serem criativas. O entusiasmo é outro fator, as pessoas precisam se divertir ao inovar”, acrescentou.
A última palestrante da sessão foi a diretora técnica do Sebrae, Heloisa Menezes, que definiu a Nova Economia como “um meio de fazer negócios baseado nas tendências de um mundo em transformação, onde há compartilhamento de valores e formação de lideranças com uma nova abordagem, representada pela junção entre o uso de tecnologias transformadoras, negócios conscientes e empoderamento das pessoas”. Heloisa apresentou uma série de ideias bem-sucedidas, sendo algumas financiadas por crowdfunding e outras na área de serviços, com menos tecnologia. “A sustentabilidade é a nova onda propulsora da inovação. Precisamos de tecnologias transformadoras capazes de gerar e agregar novos valores equilibrando aspectos econômicos, sociais e ambientais”, completou.
*Foto: Márcio Oliveira. Confira a cobertura fotográfica completa aqui.