Pesquisadores, especialistas e técnicos da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reuniram-se no dia 17 de novembro para discutir e avaliar as bases para o desenvolvimento de um novo indicador capaz de medir o resultado da inovação. O grupo de pesquisadores brasileiros testou a proposta de indicador composto proposto pela Comissão Europeia usando os dados brasileiros. Os resultados do exercício foram apresentados na oficina de trabalho realizada na ABDI. O coordenador do trabalho, economista Eduardo Baumgratz Viotti, lembrou que, apesar de o PBM e a Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI) terem como objetivos centrais a promoção do avanço da inovação no país, “esses documentos de política não estabelecem metas definidas em termos de resultados do processo de inovação de forma objetiva ou clara, como acontece com as metas fixadas em termos de dispêndio em pesquisa e desenvolvimento”. O desenvolvimento de um indicador à semelhança daquele proposto pela Comunidade Europeia poderia suprir essa lacuna.
A diretora da ABDI Maria Luisa Campos Machado Leal ressaltou que tem havido crescente aplicação de recursos nas atividades científicas e tecnológicas por parte dos governos federal e estaduais e dos agentes econômicos brasileiros. No entanto, observou que os indicadores de inovação tecnológica não têm avançado na mesma proporção dos investimentos. “Uma das razões que contribuem para esse problema pode estar relacionada à nossa dificuldade de mensurar a inovação tecnológica”, frisou a presidente, ao destacar a importância de recentes estudos com esse objetivo, como a Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec), criada pelo IBGE em 2000 e divulgada a cada três anos, e a Sondagem de Inovação, coordenada e divulgada trimestralmente pela ABDI, desde 2010.
Segundo o economista e consultor da pesquisa, Leonardo Rodrigues Mattos da Costa, para a composição do novo indicador será identificado um conjunto de possíveis indicadores e avaliadas as qualidades e limitações de diversas pesquisas. “Na segunda etapa do trabalho apresentaremos as principais recomendações, assim como sugestões de aperfeiçoamento das próprias pesquisas e sondagens de inovação”, explicou. Segundo Costa, os pesquisadores terão como base a Pintec e outros estudos que aferem as taxas de crescimento de pessoal ocupado, como o Cadastro Central de Empresas, além da PIA, PAS, PAIC E PAC, todas do IBGE.
Os resultados do esforço de pesquisa com os dados brasileiros serão entregues à Comissão Europeia. Com isso, será possível abrir um diálogo e eventualmente aperfeiçoar o indicador proposto na Europa para que seja adequado também à realidade de países complexos e em desenvolvimento com o Brasil, a Índia e a China, por exemplo. “O objetivo é divulgar e expor o material consolidado para toda a comunidade acadêmica, discutir com especialistas e técnicos em política industrial e avaliar as sugestões”, adiantou Maria Luisa.
O trabalho de pesquisa “Em busca de um indicador de resultado da inovação” é fruto de uma parceria firmada em 2014 entre a ABDI, o CGEE e o IBGE, e conta com o apoio dos ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), dos institutos de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e Nacional de Propriedade Industrial (INPI), entre outros. Também participaram das discussões a gerente de Projetos da ABDI, Carla Naves, a coordenadora de Inovação, Maria Sueli Felipe, a técnica Marina Oliveira, além de representantes do MCTI, MDIC, IBGE, INPI, UFMG, Ipea, Senado Federal e Câmara Legislativa do DF.
*Com informações da ABDI
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