A presidente da Anprotec, Francilene Procópio Garcia, proferiu a palestra magna “Incubadoras de empresas e parques tecnológicos: cenário atual e perspectivas”, durante o Ciclo de Debates Incubadoras e parques tecnológicos em Minas Gerais e sua contribuição para o desenvolvimento econômico do Estado, na manhã desta terça-feira (12) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
Francilene apresentou um histórico sobre as incubadoras no Brasil e o conceito de parques tecnológicos, criados para maximizar o potencial das empresas criadas ou apoiadas nas incubadoras e que precisam de ambientes diferenciados, dinâmicos, com mão-de-obra qualificada e com mecanismos novos de crescimento.
Nesse sentido, segundo a presidente da Anprotec, os Estados perceberam a importância dos parques tecnológicos para fortalecer a economia baseada no conhecimento. Ela defendeu o diálogo entre essas instituições e os setores tradicionais da economia. “Acreditamos no empreendedorismo como plataforma de mudança do País”, disse. Na sua avaliação, quanto mais incubadoras e parques tecnológicos forem criados, menores serão as assimetrias regionais.
Abertura
Na abertura, o coordenador-geral da Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Jorge Mário Campagnolo, afirmou que o grande desafio do Brasil é transformar conhecimento em negócios.
Ele destacou que o meio acadêmico precisa entender que a ciência precisa se desdobrar em inovação e negócio. Neste sentido, ele destacou que a criação de uma rede de parques tecnológicos e incubadoras é o caminho para o Brasil crescer neste campo e se tornar competitivo. Segundo Campagnolo, o País tem, atualmente, 90 parques – 30 em operação, outros 30 em processo de implantação e 30 na fase de projetos – que geram 32 mil empregos. Ainda de acordo com ele, o Brasil ocupa o 14º lugar no ranking de produção científica e o 61º no de inovação tecnológica.
Em Minas Gerais, existem atualmente 500 empresas, entre graduadas e incubadas, que geram 5 mil postos de trabalho, cerca de R$ 500 milhões de faturamento e R$ 40 milhões em arrecadação de impostos, segundo o presidente da Rede Mineira de Inovação, Renato Nunes. Ele acredita que o Estado tem potencial para duplicar esse quadro, e, com políticas públicas e investimentos no setor, pode multiplicar esses números em 10 vezes dentro de dez a 15 anos. “Precisamos transformar as minas de minério em minas de conhecimento”, afirmou.
Já o secretário adjunto de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Vicente José de Gamarano, informou que em Minas Gerais existem três parques implantados e três em fase de implantação.
Desafio da nova economia – A necessidade de aumentar a participação da economia gerada pela inovação tecnológica em Minas Gerais também foi destacada pelo deputado Ulysses Gomes (PT), que presidiu a manhã de trabalho do ciclo de debates.
Ele lembrou a importância da transformação industrial ocorrida no Estado na década de 1970, com o setor minerário e a indústria tradicional. Mas, segundo o deputado, nas décadas seguintes o Estado não acompanhou a transformação da economia do conhecimento, quando a ciência e a tecnologia assumiram um papel central na dinâmica mundial. “Minas entra nos anos 2000 com economia baseada na mineração e na indústria tradicional, que representavam 85% do setor industrial”, afirmou. Ele destacou que esse segmento concentra 81% dos empregos em Minas Gerais, enquanto a área de alta tecnologia gera 5,2% dos empregos.
Por isso, para o parlamentar, o desafio de Minas Gerais é superar o atraso em relação a essa nova economia. “Nossas instituições de ensino, pesquisa e extensão estão capacitadas para ancorar parcerias para inovação e reestruturação produtiva do Estado”, salientou. Ele lembrou, ainda, que a ALMG é responsável pela discussão de políticas públicas e pela aprovação do Orçamento do Estado, que viabiliza a implementação dessas políticas.
Parlamentares criticam falta de investimento público no setor
O deputado Ulysses Gomes criticou a falta de investimentos previstos na Lei 17.348, de 2008, que dispõe sobre o incentivo à inovação tecnológica no Estado e criou o Fundo Estadual de Incentivo à Inovação Tecnológica. Segundo ele, desde quando foi criado, o fundo não recebeu nenhum recurso estadual.
O deputado Paulo Lamac (PT) também criticou a falta de investimentos no setor. “Nós temos uma lei de incentivo que criou o fundo, que depois de seis anos ainda não funciona”, lamentou. Para ele, Minas Gerais precisa se libertar da economia com as mesmas bases do 19, e o ciclo de debates será importante para construir e consolidar políticas públicas para o segmento de inovação tecnológica.
* Com informações da ALMG
* Fotos: Pollyanna Maliniak