O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Clelio Campolina Diniz, e o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB/MCTI), José Raimundo Coelho, firmaram nesta quinta-feira (17) três acordos com empresas e o governo da China, em cerimônia de assinatura de 32 atos de cooperação entre os dois países, no Palácio do Planalto, durante visita do presidente chinês, Xi Jinping.
Dois acordos definem a instalação de centros globais de pesquisa e desenvolvimento (P&D) das companhias chinesas Baidu e Huawei no Brasil. “Essas parcerias vão aumentar as atividades dessas empresas por aqui e também o intercâmbio de pesquisadores”, explica o secretário de Política de Informática do MCTI, Virgilio Almeida. “A China já é o maior parceiro comercial do país e agora procuramos ampliar as cooperações intelectuais, em áreas avançadas de ciência e tecnologia, e esses são dois exemplos concretos disso.”
Ferramenta de busca
Campolina e o presidente executivo da Baidu, Robin Li, assinaram um memorando de entendimento sobre a cooperação técnica e científica entre o MCTI e a empresa responsável pelo maior serviço de busca na internet do país asiático. Em seguida, os dois governos lançaram a ferramenta para o mercado brasileiro, com a digitação das palavras “Brasil” e “China”, em português.
A parceria tem objetivo de promover o desenvolvimento dos serviços e da tecnologia de internet no país e, na opinião de Virgilio Almeida, pode ajudar a diversificar a oferta de ferramentas de busca ao público nacional. “Como a Google tem o domínio completo do mercado, a vinda da Baidu é importante para atrair competição”, diz. “A partir de agora, o buscador chinês vai oferecer interface em português, desenvolver produtos e ter mais a ‘cara’ do Brasil.”
De 2014 a 2017, a Baidu planeja investir cerca de R$ 120 milhões na implantação de um centro de P&D, a ser iniciado com o sétimo laboratório avançado de internet da empresa no mundo. Atualmente, a companhia possui três unidades na China, uma no Vale do Silício, nos EUA, uma em Cingapura e outra no Japão. No Brasil, as atividades devem se concentrar em mineração de dados, aprendizado de máquina e personalização de produtos e serviços.
“Eles escolheram áreas relevantes e avançadas de tecnologias da internet”, observa o secretário. “Mineração de dados, ou ‘data mining’, significa descobrir relações dentro de um universo muito grande de dados; aprendizado de máquina, ou ‘machine learning’, é um tratamento desses dados para encontrar padrões que interessam; a terceira área inclui tecnologias a fim de personalizar produtos e serviços da Baidu para a cultura brasileira e a língua portuguesa.”
Dados digitais
Com o protocolo de intenções assinado por Campolina e pelo presidente da Huawei na América do Sul, Li Ke, a companhia chinesa de equipamentos para redes e telecomunicações se compromete a aportar R$ 200 milhões em três anos na criação de um centro de P&D, com investimentos em áreas como computação em nuvem, big data, cibersegurança e aplicações móveis.
Para as tecnologias de big data – conjunto de soluções capaz de lidar com dados digitais em grande volume, variedade e velocidade – e computação em nuvem, segundo Virgilio Almeida, a Huawei estaria interessada em aplicações para a área de saúde, principalmente, além de educação e governo eletrônico.
O acordo tem como objetivos a realização de pesquisa, desenvolvimento e inovação de software e serviços de tecnologias da informação (TI), o aumento da competitividade e a melhoria da posição internacional do Brasil em TI, a promoção do empreendedorismo no mercado nacional e a viabilização do setor como um dos pilares do desenvolvimento econômico e social do país.
Observação da Terra
Assinado pelo presidente da AEB e pelo vice-ministro chinês de Indústria e Tecnologia da Informação, Xu Dazhe, o memorando de entendimento da área espacial propõe cooperação em sensoriamento remoto por satélite, com intercâmbio de elementos de observação da Terra, capacitação de especialistas e recepção, tratamento, distribuição e aplicação de dados.
Em audiência com Campolina e Dazhe na quarta-feira (16), José Raimundo Coelho destacou a possibilidade de desenvolver um conjunto de aplicações para utilizar dados de satélites sino-brasileiros de recursos terrestres. “Há demandas específicas dos dois países”, comentou o presidente da AEB. “Para isso, vamos instalar grupos de trabalho e buscar esses usuários para desenvolver as aplicações voltadas ao atendimento de suas necessidades.”
Pelo memorando, Brasil e China se comprometem a fornecer de maneira recíproca dados de satélites de sensoriamento remoto, com base na segurança e na capacidade de seus equipamentos. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCTI) e o Centro Chinês para Dados e Aplicações de Satélites de Recursos Terrestres (Cresda) estão previstos como órgãos executores.
* Foto e informações do MCTI