Sede do XXIV Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas, o Pará vem chamando atenção quando o assunto é inovação e empreendedorismo. O estado é o mais rico da região Norte e dispõe de programas expressivos de desenvolvimento. A política estadual de parques tecnológicos idealizada pelo Governo Estadual, por meio da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), prevê a criação e consolidação de três empreendimentos: o Parque de Ciência e Tecnologia Guamá (PCT Guamá) em Belém; o Parque de Ciência e Tecnologia Tapajós (PCT Tapajós), em Santarém, e o Parque de Ciência e Tecnologia Tocantins (PCT Tocantins), em Marabá. Eles serão focados no aproveitamento sustentável da biodiversidade amazônica, na formação, fixação e atração de um número maior de doutores para a região e na estabilização de empresas inovadoras e laboratórios com tecnologias de última geração.
As três cidades-sede dos parques criados pela Secti foram escolhidas pela relevância socioeconômica e pelo potencial de geração de conhecimento e competência. Apesar de pertencerem a setores e segmentos econômicos distintos, os parques compartilham da mesma proposta: apoiar o desenvolvimento regional por meio do suporte direto às atividades produtivas e de transferência tecnológica, à qualificação dos ambientes de negócios locais e às ações de difusão do empreendedorismo.
A fim de contribuir para que o Pará não seja apenas um grande exportador de matérias primas, diversos programas almejam a expansão da exportação de produtos e serviços a partir da agregação de valor às riquezas naturais, abundantes na região. O estado, foi contemplado com o edital Tecnova Pará, por meio do qual serão investidos R$ 12 milhões em propostas inovadoras de empresas de base tecnológica. Já a região amazônica, assim como outras regiões do país, faz parte do Plano Inova Empresa, que pretende investir R$ 32,9 bilhões em empresas que tenham projetos inovadores até o final de 2014.
O governo federal também deve destinar R$11 bilhões para implementação do Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação da Amazônia (PCTI-Amazônia), coordenado e elaborado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (DF) a serviço do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e que teve contribuições das Instituições de Ensino, Ciência, Tecnologia, Empreendedorismo e Inovação (IES) da região. Entre as ações propostas estão a consolidação de um ambiente de inovação de padrão mundial na Amazônia; a duplicação do número de programas de pós-graduação strictu sensu das IES da região com ao menos o nível 5; o aumento em, no mínimo, 50% da participação da Amazônia no total dos dispêndios do governo federal em ciência, tecnologia e inovação.
O diretor-presidente do Parque de Ciência e Tecnologia Guamá (PCT Guamá), Antônio Abelém, está otimista em relação aos investimentos para este ano na Amazônia. “Outros aspectos positivos são o crescente amadurecimento dos empreendedores paraenses, que estão se capacitando com mais frequência, e a qualidade de produtos e soluções, que vêm garantindo reconhecimento por meio de premiações nacionais e internacionais na área de inovação, especialmente nos setores de biotecnologia, energia, tecnologia da informação e comunicação, tecnologia ambiental e tecnologia mineral”, afirma Abelém.
Parques no Pará
PCT Guamá – Com investimentos em torno de R$ 80 milhões, o PCT Guamá tem as áreas de biotecnologia, tecnologia da informação e comunicação, energia, tecnologia ambiental e tecnologia mineral como prioritárias para negócios e pesquisas de base tecnológica.
Desde 2010, o PCT Guamá sedia o Centro de Excelência em Eficiência Energética (Ceamazon), primeiro centro de eficiência energética implantado na região Norte. Criado em 2000, na Faculdade de Engenharia Elétrica da UFPA, o Centro desenvolve pesquisas, serviços tecnológicos e formação de recursos humanos direcionados ao tratamento das questões energéticas sob a perspectiva do uso mais eficiente dos recursos energéticos disponíveis levando em conta as características socioeconômicas e ambientais da região amazônica. “A localização no PCT Guamá atende o perfil do Ceamazon, que também faz a ponte entre a academia e o mercado de energia no Brasil”, comenta o pesquisador Ubiratan Bezerra de Hollanda.
O Centro Regional da Amazônia do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CRA/INPE) é outra importante instituição sediada no PCT Guamá. O INPE Amazônia desenvolve três grandes projetos na área de tecnologia ambiental: mapeamento de classes de uso e cobertura da terra da Amazônia (Terra Class); apeamento de corte seletivo de madeira em áreas da Amazônia (Deter); e Projeto Capacitação Internacional, para qualificar técnicos de países da África, Ásia e América Latina.
A unidade paraense do Instituto Tecnológico Vale (ITV), em fase de implantação no PCT Guamá, é focada no desenvolvimento sustentável e tem como áreas prioritárias: mudanças climáticas, gestão de águas, sustentabilidade na indústria da mineração, biodiversidade, energia e tecnologias para monitoramento ambiental
PCTs Tapajós
O Parque de Ciência e Tecnologia do Tapajós (PCT Tapajós) surgiu de convênio entre a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) e a Secti, no âmbito do Programa Estadual de Parques de Ciência e Tecnologia (Proparq). Tem como objetivo contribuir para o processo de desenvolvimento sustentável, socialmente responsável e competitivo na economia globalizada do conhecpimento da região do Tapajós, do Estado do Pará e do País. As áreas de atuação deste parque tecnológico são tecnologia da madeira; agricultura tropical e produtos da floresta; pesca e aquicultura; geologia mineral.
Em 2013, foi firmado o convênio de cooperação técnica entre a Secti, a Ufopa e Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp), pelo qual o Governo do Pará investirá um total de R$ 6 milhões em estudos, projetos, planos de negócios, obras de infraestrutura e aquisição de equipamentos para a implementação e gestão do PCT Tapajós.
PCT Tocantins
O Parque de Ciência e Tecnologia Tocantins (PCT Tocantins) ficará localizado no município de Marabá (sudeste paraense), distante cerca de 650 km da capital, com raio de ação nos municípios de Parauapebas, Canaã dos Carajás, Curionópolis, Eldorado dos Carajás, Rondon do Pará e Itupiranga. A intenção é contribuir para a emergência de um polo metalomecânico na região, que demandará serviços e investimentos em pesquisa e desenvolvimento oferecidos pelo Parque.
O investimento no PCT Tocantins será de R$ 45 milhões, aplicados numa área de 25 mil m2 para a construção de lotes que abrigarão incubadoras de empresas e laboratórios. O Parque atuará prioritariamente nas áreas de tecnologia mineral e novos materiais; pesquisa agropecuária com manejo sustentável e tecnologia florestal sustentável.
*Foto: Roberto Ribeiro e Solange Campos