O governo federal vai oferecer 100 mil novas bolsas de estudo na nova etapa do programa Ciência sem Fronteiras (CsF), que entrará em vigor em 2015. O anúncio foi feito pela presidenta Dilma Rousseff, durante cerimônia de lançamento da nova fase da iniciativa, chamada Ciência sem Fronteiras 2.0, na quarta-feira (25), no Palácio do Planalto. O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Clelio Campolina Diniz, participou do lançamento.
“Esse é um programa feito para garantir ao Brasil condições de gerar inovação e interesse pelas ciências exatas e pela aplicação da tecnologia em todas as áreas, seja na indústria, na agricultura e, sobretudo para viabilizar, também, a pesquisa em ciências básicas”, afirmou a presidenta.
Na primeira etapa da iniciativa (2011-2014), mais de 83 mil bolsas foram concedidas para que estudantes brasileiros pudessem estudar em outros países. A meta estabelecida pelo governo federal é fornecer 101 mil bolsas até o fim deste ano. De acordo com a presidenta, o governo atingirá esse número.
“No início, o grande desafio do Brasil era colocar 101 mil estudantes brasileiros no exterior. Até hoje já concedemos 83,2 mil bolsas e com as chamadas que faremos agora em setembro nós vamos atingir a nossa meta de 101 mil bolsas de estudo”, reafirmou.
Dilma lembrou ainda da importância do programa para os estudantes e para o Brasil. “Essas bolsas têm papel importante para os estudantes de graduação. Mostram os processos mais avançados existentes no mundo no que se refere ao estudo”, ressaltou.
O ministro Campolina afirmou que a história recente do Brasil mostra um país com “baixíssimo nível de escolaridade”. No entanto, de acordo com ele, o governo federal identificou que a educação é o “caminho decisivo” para o desenvolvimento e a inserção internacional. Nesse sentido, o titular do MCTI disse que o CsF “é uma oportunidade única e exemplar para melhorar a capacitação dos jovens e para o desenvolvimento brasileiro”.
Para o ministro, o programa cria oportunidades para a juventude brasileira. “Cria oportunidades e motivação para irrigar o sistema acadêmico universitário nacional trazendo as experiências internacionais para modernizar o nosso”, pontuou.
Conquista
Débora dos Santos Carvalho foi a estudante escolhida para representar os brasileiros que participaram do CsF na solenidade. Para ela, o programa é “corajoso” e colocou o país nos eixos da internacionalização do conhecimento. “Através dele, o Brasil se apresentou significativamente ao mundo”, afirmou.
Por meio do programa, Débora estudou engenharia ambiental, em Freiberg, Alemanha. Ela contou que começou a trabalhar bem cedo, aos 16 anos. O primeiro emprego foi no departamento de águas e esgoto de Porto Alegre. “Lá eu observava as engenheiras trabalhando e sonhava um dia ser uma engenheira ambiental”, disse.
Por todo o período de estudante, Débora frequentou as escolas públicas. Em 2009, conseguiu ser aprovada em primeiro lugar na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), para cursar engenharia ambiental. Fluente no alemão, Débora hoje também domina o inglês, o francês e o italiano. Agora, nas palavras dela, acaba de “realizar mais um sonho”.
“Estou preparada para trabalhar na ONU [Organização das Nações Unidas], onde poderei, como gestora, interceder para encontrar alternativas para a preservação e exploração sustentável dos recursos naturais no nosso país e no mundo, principalmente, os recursos hídricos”, contou.
“A educação internacional mudou a minha vida e a de milhares de estudantes que participaram do programa. Nasci para contrariar as estatísticas: nasci mulher, negra e pobre, mas tive a sorte de nascer no Brasil numa época em que a democracia reina em nosso país”, afirmou.
Legado
Para o ministro da Educação, José Henrique Paim, o Ciência sem Fronteiras deixou vários ensinamentos para melhorar a prática educacional no Brasil. “Os estudantes do exterior que vieram ao país nos mostraram a necessidade de reavaliar as práticas de ensino nos cursos de graduação e pós-graduação, principalmente no que diz respeito a integração da teoria com a vida prática”, observou.
Leia mais sobre a segunda etapa do programa.
Texto: Raphael Rocha/ Ascom do MCTI
Foto: Augusto Coelho/ Ascom do MCTI