O empreendedorismo e as pequenas empresas foram o tema da sexta audiência pública realizada pela Comissão Senado do Futuro nesta quinta-feira (7) dentro da série “2022: o Brasil que queremos”. As audiências foram requeridas pelo presidente da comissão, senador Hélio José (Pros-DF), em parceria com a sociedade de estudos União Planetária. Foram convidados para professores da Universidade de Brasília (UnB), da Universidade de São Paulo (USP) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV) para avaliarem o momento atual e proporem alternativas para o setor.
O senador Hélio José abriu a audiência lamentando a ausência de representantes do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e lembrou que com o atual sucateamento do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), o Brasil leva em média 11 anos para aprovar uma patente. Na área de telecomunicações, uma patente brasileira leva 14 anos para ser concedida. Isso sem falar na burocracia e nos impostos, que prejudicam as iniciativas de empreendedorismo.
– Como fazer que as inovações cheguem ao mercado brasileiro e mundial? O Senado aprovou o PLS 150/2016, que permite empresas abrirem em 2 dias e fecharem em 5 dias. Agora está na Câmara dos Deputados, onde já foi aprovado em uma comissão e aguarda a designação de relator na Comissão de Constituição e Justiça. É preciso que os parlamentares entendam a urgência da desburocratização para apoiarmos a recuperação da economia. E o empreendedorismo precisa dessa agilidade – ressaltou o senador.
O professor Tales Andreassi, da FGV, fez uma análise do quadro atual. Segundo ele, em 2016 houveram 48 milhões de pessoas envolvidas com o empreendedorismo, que correspondiam a 36% da população ativa brasileira. Em 2014 a situação era de 17% e em 2001, 14% da população ativa.
– No Brasil com a crise, cresce o índice do empreendedor por necessidade e não por oportunidade. Para dar uma ideia da importância das micro e pequenas empresas, 53% das pessoas que têm carteira assinada no Brasil trabalham para micro e pequenas empresas. As micro e pequenas contribuem com 20% do PIB brasileiro. Mas é pouco, em países desenvolvidos elas ocupam até 80% do PIB – informou.
O professor Tales lembrou que 42% das micro e pequenas empresas fecham antes de completar 3 anos de existência. Segundo ele, grande responsabilidade pode ser atribuída à falta de crédito, pois as taxas de juros brasileiras são muito caras.
– O cartão de crédito custa 10% ao mês; os bancos emprestam com juros de 4% a 8% ao mês. O microcrédito é de 2% a 6% ao mês. Já os Estados Unidos, após o 11 de setembro, chegaram a emprestar a 2% ao ano. Isso mostra a importância que um país rico dá às pequenas empresas.
Por sua vez, o professor Sanderson Barbalho, da UnB, fez uma cronologia de grandes pensadores das áreas de economia, administração e tecnologia. Na sua avaliação, a proximidade das universidades com as empresas é um fator determinante para o desenvolvimento tecnológico.
– Hoje em dia trabalhamos com o conceito de “destruição criativa”, em que um produto inovador quebra uma série de conceitos e estruturas anteriormente estabelecidos. Isso ocorreu com o computador doméstico, com o telefone celular, com as empresas de internet. Todas essas empresas começaram com as mentes criativas de pessoas ligadas às universidades, que foram trabalhando o desenvolvimento de suas criações.
Já o professor Vanderlei Bagnato, da USP, destacou a personalidade do empreendedor, que tem de ser um otimista, pois a quantidade de ideias que é transformada em produto final é de quase uma em 1 milhão.
– Em 1 milhão de ideias, apenas mil vão ao que chamamos prova de princípios. Destas, apenas 100 se tornam protótipos e somente uma se torna um produto final a chegar no mercado. Ou seja, é extremamente necessário termos milhares de pessoas pensando para chegarmos a uma boa ideia que se torne um produto como um tablet ou celular – esclareceu.
*Fonte: Senado Notícias