Na quinta-feira (11), quando a ciência e a pesquisa do país comemoram 73 anos da criação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (CONFAP), apresentou na SBPC o programa “Amazônia+10”. Considerado um divisor de águas quando o assunto é pesquisa na Amazônia, ele tem como protagonistas os próprios amazônidas.
Em linhas gerais, a ousadia e complexidade dessa iniciativa foi pensada e desenhada por múltiplas mãos sob a coordenação dos membros do CONFAP, para ampliar e valorizar a riqueza natural da região e seus cientistas numa realidade, com mais verbas às pesquisas e oportunidades para assentar homens e mulheres que fazem da ciência um ideal de vida, em terras amazônicas.
Num olhar institucional, a “Iniciativa Amazônia+10”, aproxima esforços do CONFAP, junto às Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) de apoio à pesquisa e inovação tecnológica na Amazônia Legal na promoção do diálogo entre a natureza e sociedade, em direção a um desenvolvimento sustentável e inclusivo da região.
Na prática, podem ser apoiados projetos de pesquisa colaborativos para a conservação da biodiversidade, adaptação às mudanças climáticas, proteção de populações tradicionais, desafios urbanos e bioeconomia como política de desenvolvimento econômico na região.
O programa foi apresentado em meio a programação da 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), pelo atual presidente do CONFAP, Odir Antônio Dellagostin, médico veterinário, professor e respeitado cientista brasileiro, especialista em Biologia Molecular com experiência e atuação no desenvolvimento de vacinas recombinantes para uso veterinário.
Na ocasião, o professor Dellagostin expôs as conhecidas e preocupantes necessidades que inspiraram a Iniciativa Amazônia+10, por exemplo, para seduzir e fixar na região tropical cientistas com as melhores condições de trabalho e as parcerias nacionais e internacionais com as FAPs.
Editais – A configuração dos modelos dos editais para a participação dos interessados foi um ponto de convergência de interesses dos pesquisadores presentes à apresentação, que teve o detalhamento do presidente Dellagostin às questões levantadas a título de mais esclarecimentos.
O compromisso com a transformação da atual realidade amazônica, de suas populações, urbanas, interioranas e ribeirinhas, desenvolvimento sustentável e inclusivo e o montante de verbas disponibilizado para os primeiros editais e projeções até 2027, foram outros aspectos de relevância na longa e didática exposição do titular do CONFAP.
E os valores de aporte, até o momento, mobilizados em apenas 18 meses, para atender às primeiras demandas, via editais, somam R$ 142,9 milhões, resultado da sinergia de 33 parceiros financiadores.
Na composição dos recursos para alimentar a iniciativa, a Fapesp, fundação do estado de São Paulo, assina R$ 27,3 milhões; as demais fundações dos outros estados, R$ 40,9 milhões; o Governo Federal, tem R$ 32,8 milhões e recursos externos, e países e instituições fecham essa rodada de colaboração inicial em R$ 41,7 milhões.
A pesquisa na Amazônia – Outro assunto que dominou a sessão foi a participação da Amazônia, do amazônida, do pesquisador local, do homem local, com conhecimento de território e causas, e ator considerado no bojo do programa no que concerne “à valorização do conhecimento tradicional, das comunidades tradicionais, com a participação de um agente local, que conheça a nossa realidade”, exigência constante já no segundo edital lançado pela Fapespa, fundação do estado do Pará.
“E neste aspecto, e nós estamos falando aqui pela Amazônia, é que quando o Brasil começa a falar de ‘diáspora’, no universo da ciência, isso para nós é um assunto velho”, lembrou numa intervenção o presidente da Fapespa, Marcel Botelho.
“Há muito tempo nós temos diáspora amazônida. Nós estamos exportando cérebros para o Brasil e mundo inteiro. Porque nós não temos condições de trabalho, não temos remuneração justa. Existe um ‘fator Amazônia’, que impede as pessoas de fazerem com qualidade as coisas que foge ao controle delas, acabam parando de fazer. Mas o Amazônia +10 resgata isso e está preocupado com esses fatores, porque nós estamos presentes, nós conhecemos essa realidade, sofremos essa realidade e erramos. Por isso, este é um fórum privilegiado, eu concordo com o presidente Odir Dellagostin, podemos siar todos nós que a ideia já está se consolidando e falta pouco para nós colocarmos isso no plano institucional”, contribuiu Botelho.
O presidente do CONFAP, Dellagostin, se mostrou um aliado da Amazônia nesta perspectiva da participação local nos estudos a serem realizados na região, a partir da visão que estrutura o Amazônia +10.
“Acho que temos que trabalhar de forma colaborativa, com uma preocupação sempre voltada para o bem comum, dar o retorno à nossa sociedade, queremos colocar a ciência como centro do desenvolvimento econômico e social sustentável. E isso quem consegue fazer são os pesquisadores locais, que são os conhecedores das suas realidades. Nós temos que trabalhar de forma colaborativa, e isso a Iniciativa Amazônia+10 está garantindo para o protagonismo dos amazônidas, garantiu o titular do CONFAP.
Fonte: CONFAP