O desenvolvimento de soluções tecnológicas para a redução de impactos negativos na natureza foi o assunto abordado na segunda trilha da 33ª Conferência Anprotec, que teve como tema “Tecnologia e Inovação para uma sociedade sustentável”.
O painel contou com a participação de Guilherme Karam (Fundação Grupo Boticário), Pâmela Pádua (Tesouro Verde), Romildo Toledo (UFRJ) e Sibelle Andrade Silva (Embrapa). A moderação da trilha ficou a cargo de Maristela Meireles (Wylinka)
A trilha discutiu os potenciais de aplicação das novas tecnologias emergentes para uma transformação dos sistemas sociotécnicos globais, com vistas a um mundo mais sustentável e socialmente inclusivo.
Utilizando a matriz energética como um exemplo de oportunidade para desenvolvimento de soluções sustentáveis, Romildo Toledo deu início à discussão apontando que o mundo ainda é majoritariamente dependente dos combustíveis fósseis e que os atores do ecossistema de inovação têm um papel primordial para reverter esse cenário. “A transição energética é uma questão do mundo inteiro, os investimentos globais nesta área ultrapassam os 755 bilhões de dólares, então há um cenário propício para inovação e, consequentemente, para os empreendedores”.
Em seguida, Pâmela Pádua apresentou a Tesouro Verde – uma Govtech – SaaS que auxilia estratégias de políticas públicas de sustentabilidade e combate a mudanças climáticas – enfatizando como o carregamento em equivalência do ativo ambiental em serviços e produtos traz benefícios práticos para as empresas. “Além da questão ambiental, adquirir um selo verde traz acesso à linhas com condições especiais, agregação de valor pela incorporação do ESG no produto ou serviço, valorização da marca, posicionamento efetivo ao mercado ESG, entre outros, então é uma relação ganha-ganha”.
A evolução da produtividade no campo é notável ao longo do tempo, nos últimos 20 anos a produção cresceu em 580%, já o uso da área aumentou em 140% neste mesmo período, com isso, nota-se que, graças a tecnologia e a ciência, é possível produzir mais utilizando menos espaço. Neste sentido, Sibelle Silva citou o desafio de estimular a produção orgânica, mencionando o exemplo do cacau. “Uma plantação de cacau na natureza é bem menor do que uma produção mecanizada, então o que precisamos fazer para promover o cultivo orgânico é agregar valor ao produto. Um cacau produzido em agrofloresta é exportado com um valor mais alto para a Europa, por exemplo”.
Seguindo essa mesma linha, Guilherme Karam focou seu discurso nos serviços ecossistêmicos, citando a necessidade de uma mudança de abordagem das soluções sustentáveis. “Os serviços ecossistêmicos são todos aqueles que a natureza nos oferece gratuitamente, que são essenciais para a nossa sobrevivência enquanto espécie. A polinização é um exemplo, trilhões de dólares são investidos no agronegócio mundial, que só é possível por conta dela, e é algo gratuito. No entanto, o valor investido para preservar esse ecossistema não chega nem perto disso. Por isso é preciso parar de tratar a preservação como algo filantrópico e mostrar o seu potencial como negócio rentável”.