Empreender pode ser complexo, mas no interior da Amazônia, onde os desafios logísticos são muitos e o acesso à educação, saúde e cidadania ainda é precário, o desafio é muito maior.
Por esses motivos, a Incubadora de Negócios da Fundação Amazônia Sustentável (FAS) trabalha com o objetivo de apoiar, desenvolver e qualificar empreendedores e negócios sustentáveis nas comunidades ribeirinhas e indígenas da Amazônia, um dos biomas mais importantes do mundo.
Agora, a incubadora tem um método de gestão com processos e práticas chaves reconhecidas e validadas em âmbito nacional pelo Centro de Referência para Apoio a Novos Empreendimentos (Cerne) da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) em parceria com o Sebrae, o que comprova a sua capacidade de gerar e promover empreendimentos inovadores e bem-sucedidos nas Unidades de Conservação (UCs) da Amazônia profunda.
Para o gerente do Programa Empreendedorismo e Negócios Sustentáveis da Amazônia (Pensa) da FAS, Wildney Mourão, a certificação da Incubadora da FAS é uma conquista singular de enorme relevância para a região, dado o potencial para fazer negócios na área da bioeconomia.
Segundo o gerente, o bioma precisava de um hub especializado no desenvolvimento de negócios sustentáveis que contasse com uma jornada de incubação/aceleração testada e que detivesse um modelo de gestão adaptado à realidade local.
“Agora nós temos e acreditamos que com essa modelagem poderemos acelerar com mais efetividade o ecossistema de empreendimentos no interior da Amazônia. Eu acredito que precisamos continuar promovendo a cultura empreendedora, apostar na qualificação gerencial das pessoas, formar lideranças com visão estratégica de negócio, permitir o acesso à tecnologia com ferramentas de gestão e aprimorar o desenvolvimento de produtos inovadores com acesso ao mercado. Por meio de muita mentoria personalizada e acompanhamento técnico, a incubadora tem conseguido auxiliar no desenvolvimento de negócios que apresentam maior maturidade e já desenham uma rota consistente de sucesso na Amazônia”, diz.
De acordo com Elizeu Ferreira, analista de empreendedorismo da FAS, “a certificação irá fazer com que a incubadora continue prospectar e selecionar boas ideias no interior da Amazônia e transformá-las em negócios inovadores e bem-sucedidos, de forma sistemática, repetida e replicável.”
O analista explica também que a nova certificação do Cerne 1 vai permitir que a incubadora atue de forma proativa no desenvolvimento de negócios, capazes de gerar mais impactos econômicos e sociais positivos para a conservação da floresta em pé.
“É essencial que as comunidades comecem a olhar a floresta não como problema, mas como oportunidade de gerar valor a partir de um ativo [a própria floresta]. Então, é um ganho de capital consciente, inteligente e transformador. A incubadora vai ajudar esses pequenos empreendimentos a se tornarem prósperos e sustentáveis e isso deve gerar combate à pobreza e melhoria de vida das famílias que fazem parte do processo das cadeias produtivas da bioeconomia da floresta”, diz.
Desde 2017 ao lado da FAS, a SAP Brasil é parceira da incubadora de negócios e garante apoio financeiro e mentoria aos empreendedores da região.
“Durante esse tempo, acompanhamos de perto o trabalho e a evolução dos empreendedores ribeirinhos, enviando funcionários da SAP para visitar instalações e os negócios locais e trocar experiências com os representantes da FAS. Este ano, aliás, também trouxemos três empreendedores da Amazônia para uma imersão de mentoria com nossos executivos aqui em São Paulo”, conta Luciana Coen, diretora de Comunicação Integrada e Responsabilidade Social Corporativa da SAP Brasil.
A próxima meta da Incubadora é garantir a certificação Cerne 2, modelo que abrange mais três processos-chave que abordam especificamente a gestão estratégica da incubadora, ampliação de limites de atuação e avaliação dos impactos na região. A expectativa é que a incubadora conquiste a nova etapa até março de 2023.
O objetivo é apoiar novos empreendimentos sustentáveis e fortalecer os existentes através de processos de formação empreendedora, mentoria, desenvolvimento de produtos/serviços e intercâmbio de experiências, contribuindo efetivamente para desenvolvimento sustentável dos negócios inovadores na Amazônia profunda.
Criada em 2013 fruto do “Projeto Aliança”, uma parceria entre a FAS, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Centro de Incubação e Desenvolvimento Empresarial (Cide) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), a incubadora da FAS atualmente recebe recursos financeiros da Fapeam por meio do edital 10/2019, cujo principal objetivo estruturar o desenvolvimento e a interação de incubadoras de empresas, novas e existentes, alinhadas ao modelo de Cerne, de forma a ampliar, expressivamente, o número e a qualidade de empreendimentos inovadores no estado do Amazonas.