Na noite desta quinta-feira (11), a trilha Gestão do Capital Humano em um Mundo Sem Fronteiras, foi tema de discussão durante a 31ª Conferência da Anprotec. Os convidados foram John Rennie Short – Professor da Maryland University, Marcos Tonin – Executivo de RH e Coach C -Level na Apoema Inteligência em Pessoas, Andressa Chiara – Especialista em Estratégia de Negócios e Parcerias da Knowledge e Daniel Leipnitz – Vice-Presidente da Anprotec como mediador.
Dando início ao evento, Daniel Leipnitz fez uma breve apresentação de todos os painelistas, e discorreu sobre a pauta central. “Como lidar com a atração e retenção de talentos em um mundo sem fronteiras físicas? Essa é uma questão intrigante e sei que teremos muitos insights no debate de hoje”.
Em seguida, Andressa abordou sobre as mudanças drásticas no cenário empresarial, que foi transformado pela pandemia e alterou a forma com que as organizações administravam o capital humano, que agora possui um meio mais distribuído de trabalho. “O modelo de gestão que a gente conhece, é um modelo de gestão que emergiu na revolução industrial”, comenta Andressa. Ela também fala sobre como o nosso modelo de educação é responsável pela aplicação deste padrão de trabalho que surgiu no passado mas era utilizado até os dias atuais. “Se formos olhar a estrutura da educação hoje, vemos que ela surgiu de uma necessidade, que foi a necessidade de formar operários, trabalhadores”, afirma.
A maneira como os gestores aprendem a gerir uma equipe é algo a ser refletido na opinião de Andressa, que expõe pontos relevantes sobre o modelo de gestão que é ensinado aos profissionais da área. “Nosso modelo de gestão e tudo que aprendemos sobre gestão, tem a ver em como maximizar a escala e a produtividade neste modelo fabril. E, maximizar a produtividade neste modelo fabril, está diretamente ligado à minha habilidade de observar a operação e identificar os desvios”, complementa.
Após a fala de Andressa, o mediador Daniel passou a palavra para o professor John que comentou a respeito dos desafios que a pandemia trouxe. “As grandes rupturas causadas pela COVID, causaram muitas coisas. Primeiro reforçaram, pelo menos nos Estados Unidos e no Brasil, a divisão entre a economia, cultura e criatividade”. O professor também abordou aspectos que o contato presencial oferece às pessoas, gerando mais comunicação, confiança e um melhor entendimento sobre temas que pela internet podem ser compreendidos de forma equivocada. “As pessoas precisam estar cientes, que precisamos de outros sinais de comunicação além das vozes”.
Marcos Tonin foi o próximo painelista a tomar a palavra, começando sua apresentação falando dos novos modelos de carreiras e suas mudanças e como isso se materializa no ambiente corporativo hoje. “Essa nova revolução que se acelerou com o fator da pandemia, transformou a sociedade alterando profissões, saúde mental, cultura, família, relacionamentos e todos os ambientes”.
Com essa nova forma de enxergar e se relacionar com o trabalho, houve um impacto na gestão dos colaboradores. “Na década de 1960/1970 como eram os modelos carreiristas? Eu chegava em uma indústria como office boy ou assistente e terminava a minha carreira como presidente da empresa. Então não era esperado grandes movimentações. Mas por volta dos anos 1980 quando os baby boomers chegam no mercado de trabalho e começam a identificar outra coisa. Eles percebem que aqueles que chegam no topo mais rapidamente têm mais sucesso”, explicou Marcos.
Mas durante esse processo, muitos colaboradores foram desligados porque as pessoas começaram a ter mais acesso a universidade e também por conta da gestão, que era focada em resultados e não em pessoas. Isso também impactou os filhos destes profissionais que não tiveram um acompanhamento mais próximo da família em atividades escolares, gerando uma nova mudança no perfil do colaborador nas gerações de hoje, que desafia as empresas com uma percepção que é mais acelerada. “A carreira não é mais posse da empresa, como era no tempo dos meus avós e dos meus pais, nos anos 1960 e 1970 em que eles ditavam onde eu poderia chegar”, relatou Marcos.
Na sequência, Daniel trouxe pontos importantes sobre a questão do home office, comentado sobre como o modelo de trabalho mudou, e perguntou aos participantes se eles acreditam na volta do modelo presencial. Ambos os convidados entram em um consenso de que a tecnologia mudou a forma com que os trabalhos são feitos dentro de uma empresa, mas que ainda bate de frente com o certos costumes de determinados gestores e líderes relutantes a mudanças e que também existe a necessidade de um investimento na qualificação dos profissionais no mercado.