Não é novidade que a pandemia do novo Coronavírus alterou drasticamente a forma como as pessoas convivem, trabalham, estudam, consomem e ocupam espaços, criando uma necessidade muito grande de adaptação em todo mundo. Mas esse cenário, à princípio caótico, também permite a oportunidade de criarmos um legado para as próximas gerações, já que há uma urgência por parte dos stakeholders globais para a cooperação na solução das consequências diretas da crise de Covid-19.
Foi nesse contexto que o Fórum Mundial Econômico deu início à inciativa The Great Reset – a Grande Redefinição, em tradução literária – que pressupõe a pandemia como um ponto de partida para a restruturação da economia mundial de forma mais sustentável.
As consequências políticas, econômicas e sociais advindas da crise do Coronavírus estão transformando fundamentalmente o contexto tradicional de tomada de decisão. As inconsistências, inadequações e contradições de múltiplos sistemas – desde o da saúde, financeiro, produção industrial, energia educação – estão mais expostas do que nunca, em um contexto global de preocupação com as vidas, os meios de subsistência e o planeta.
Assim, de acordo com o Fórum Mundial Econômico, os líderes se encontram em uma encruzilhada histórica, gerenciando as pressões de curto prazo contra as incertezas de médio e longo prazo.
Oportunidades
Ao se abrir para moldar a recuperação de um ecossistema, uma janela de oportunidade única também oferece insights de informação para aqueles que determinam o estado futuro das relações globais, a direção das economias nacionais, as prioridades das sociedades, a natureza dos modelos de negócios e a gestão de um bem comum global.
Assim, a iniciativa The Great Reset admite um conjunto de dimensões para construir um novo contrato social que priorize o revigoramento da ciência, tecnologia e inovação, um movimento global para redução das emissões e implementação de métodos de absorção de dióxido de carbono da atmosfera, e a precificação de carbono, reinventando estruturas de incentivo de longa data, reequilibrando fomentos para incluir mais investimentos verdes e encorajando projetos de infraestrutura pública verde.
Um assunto em voga
A pauta de impacto socioambiental está constantemente presente nas discussões da Anprotec. Além do programa de Incubação e Aceleração de Impacto, em parceria com o Sebrae e o Instituto de Cidadania Empresarial (ICE), que já concluiu cinco edições mobilizando ambientes de inovação a desenharem estratégias para atrair, selecionar e acompanhar a estruturação de negócios de impacto em seu portfólio, a Associação recebeu no encerramento de sua Conferência 2020 o presidente do Global Steering Group for Impact Investment, Sir. Ronald Cohen, que reforçou a ideia de Great Reset.
Em sua fala, Sir Cohen afirmou que os negócios de impacto estão se tornando o mainstream. Segundo ele, o mundo está compreendendo que as empresas não podem operar mais em modelos de negócio que causem danos sociais e ambientais, esperando que apenas os seus impostos compensem esses problemas.
Na ocasião, Sir. Cohen também defendeu que os relatórios financeiros das empresas passem a contabilizar tais impactos, apresentando a chamada “contabilidade de impacto”. “Estamos em um momento singular, devido à pandemia, em que os governos aumentaram os seus débitos e a pobreza cresceu rapidamente. Sozinhos, eles não conseguirão resolver esses problemas e precisam trazer as empresas para enfrentar esses desafios. É algo semelhante ao New Deal, proposto pelo governo americano em 1930, após o crash da bolsa de valores em 1929”, argumentou. Para ele, a pandemia de Covid-19 serve como um catalisador para os negócios de impacto.
“Os direcionadores de mercado estão mudando. As empresas estão percebendo que não adianta performar bem, sem fazer o bem. A sociedade está exigindo isso. Precisamos continuar medindo o impacto em cada negócio, em cada investimento e em cada política pública. A ‘mão invisível do mercado’ precisa se tornar o ‘coração invisível do mercado’”, disse Sir Cohen, reformulando o termo cunhado por Adam Smith, no século XVIII, no clássico “A riqueza das nações”.
Tendo como base o tema The Great Reset: a redefinição dos ambientes de inovação a 31ª edição da Conferência Anprotec de Empreendedorismo e Ambientes de Inovação abordará sobre o conteúdo separando-o em quatro trilhas que serão divulgadas posteriormente.