No segundo dia de Conferência Anprotec, 18 de outubro, o presidente da Aliança Agro Asia-Brasil, Marcos Jank, ministrou a palestra “Desafios internacionais e novas oportunidades geradas pelo agronegócio brasileiro”, em painel moderado pela presidente da Fundação de Amparto à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) Maria Zaira Turchi.
Além de abordar os fatores que fizeram o Brasil tornar-se um dos grandes players do agronegócio mundial, Jank também falou sobre o papel da inovação tecnológica nas cadeias produtivas do agronegócio brasileiro.
Ao apresentar um contexto histórico sobre como o país tornou-se um dos maiores exportadores do agro mundial, o palestrante destacou que de 1960 a 1980 o Brasil tinha forte intervenção governamental, com estoques, crédito rural subsidiado, controle de preços e Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM), além de altas tarifas de importação e impostos de exportação.
Com a apresentação de diversos gráficos, Jank apontou que o Brasil e a China disputam o 3º e o 4º lugar do ranking de maiores exportadores do agronegócio, com elevadas taxas de crescimento, atrás apenas dos Estados Unidos e da União Europeia.
Com relação ao saldo da balança comercial brasileira, de 2000 a 2017, o agronegócio tem sustentado o equilíbrio, evitando uma crise nas contas externas do país.
Quanto aos desafios atuais, Jank elencou inclusão de temas sociais e trabalhistas (treinamento e capacitação, melhoria das condições de trabalho no campo, geração de emprego no campo); desafios ambientais (mudança do clima, agricultura de baixo carbono, implementação do Código Florestal); controles sanitários (qualidade e rastreabilidade e combate a pragas e doenças: aftosa, BSE – vaca louca, gripe aviária, salmonela, lagartas); coordenação de sistemas (horizontal e vertical e parcerias publico-privadas na pesquisa e inovação); e inovação no agronegócio (geotecnologias: uso da terra e gestão territorial, big data e gestão de informações, e agricultura de precisão, drones, automação); e integração global das cadeias de suprimento e valor.
Quanto a agenda futura, os desafios apontados foram competitividade da cadeia produtiva (menor competitividade do processamento e distribuição – infraestrutura, e criação de cadeias globais de suprimento e valor); perdas e desperdício de alimentos; saúde e nutrição; críticas ao uso de tecnologia na agricultura (fast food, transgênicos, defensivos, hormônios, antibióticos, e promotores de crescimento); bem-estar animal; critérios e certificações (padrões privados, rastreabilidade, Halal, etc.); e comércio administrado (competitividade x geopolítica).
Jank também apontou as principais áreas de inovação via startups no agro mundial, separando-as em três categorias: antes, dentro e depois da porteira.
Quanto as inovações antes da porteira, ele citou biotecnologia agrícola; biofortificação e fortificação de alimentos básicos; inovações em insumos agrícolas (controle de pragas e doenças) e saúde animal; “Uberização” de máquinas e equipamentos agrícolas; intersecção entre fintechs e agtech: créditos e seguros; educação.
As inovações dentro da porteira são digitalização da gestão agropecuária e dos equipamentos agrícolas; agricultura de precisão (sistemas de microirrigação); robótica e drones (UAVs); avanços em meteorologia e informações; bioenergia e biomateriais; e sistemas inusitados (disruptivos): vertical, insetos, algas, proteínas sintéticas.
Já as inovações pós porteira, Jank destaca o agribusiness marketplace (plataformas de trading e procurement, e e-commerce e e-grocery); inovações na cadeia de suprimentos (cold chain, produtos com valor adicionado, segurança alimentar e rastreabilidade); inovações em alimentação (animal-free meat, cultura de células, ingredientes, etc.; delivery, restaurantes online meal kits, e home-cooking tech).