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No último dia 30/01, o portal PEGN publicou uma entrevista realizada com o presidente da Anprotec, Jorge Audy. Confira a seguir a matéria na íntegra:
A Anprotec (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores) anunciou na última semana uma parceria com outra entidade de estímulo ao empreendedorismo do Brasil, a Associação Brasileira de Aceleradoras de Inovação e Investimento (Abraii). Agora, a Abraii – que representa nomes como Aceleratech, Wayra e Gema – passa a ficar debaixo do guarda-chuva da Anprotec. O movimento pretende criar um elo mais forte entre as organizações de empreendedores, com foco em tecnologia e inovação.
Com 29 anos de atuação no país, a Anprotec diz que vem fazendo o possível para engajar a sociedade e todos os seus agentes na criação de negócios inovadores. E a nova parceria visa reforçar esse trabalho.
O esforço, alerta Jorge Audy, presidente da Anprotec, é para tentar um erro que o país insiste em cometer: Ignorar a inovação.
“Somos reféns da economia do passado. O país vive da produção dos mesmos tipos de produtos há décadas”, diz; “Temos de criar uma sociedade mais alicerçada na ciência e na tecnologia, naquilo que tem potencial de mudar o mundo, mas não existe apoio”, diz.
Audy é doutor em Sistemas de Informação pela UFRGS e é pró-reitor de pesquisa, inovação e desenvolvimento da PUC-RS. Em entrevista a Pequenas Empresas & Grandes Negócios, ele fala sobre suas visões do empreendedorismo no Brasil e o que é preciso para alavancar a criação de negócios inovadores. Veja a seguir:
O que significa a inclusão da Abraii na Anprotec?
Para o empreendedorismo se desenvolver, é preciso que todos os ambientes de inovação atuem de maneira articulada. É importante que haja comunicação direta e rápida entre os agentes desse meio. Essa constatação nos fez buscar, ao longo de nossa trajetória, por unir entidades, incubadoras, parques tecnológicos e smartcities pelo país. É um movimento consciente que realmente acolhe todos aqueles que fazem parte do movimento de inovação.
De forma prática, o que muda na união entre as duas entidades?
Nós seguimos defendendo esse movimento pró inovação, mas, agora, estamos todos na mesma linha. A atuação, assim, é mais orgânica. Pensamos que é um exemplo para o meio político e econômico, que vive um momento de desunião. O objetivo de todos deveria ser a união para construir um novo marco de desenvolvimento. O governo precisa dar maiores contribuições para quem quer construir um país novo.
Qual deveria ser a atuação do governo nesse sentido?
A maior contribuição que o governo pode dar hoje é não atrapalhar, e nos deixar trabalhar em paz, com liberdade. Temos muitas dificuldades no país. As iniciativas de estímulo ao empreendedorismo [do governo] são separadas, não há integração. Eles tem de se dar conta de que o mundo mudou, que a sociedade mudou e que não dá para ignorar a tecnologia e inovação. Vivemos numa economia paternalista que quer proteção para tudo e é isso o que gera esse quadro de corrupção. O governo tem de criar uma boa estrutura jurídica e administrativa para o empreendedor, permitindo que a inovação saia do papel e vá para o mercado. E também tem de parar de atrapalhar.
O governo anunciou recentemente um pacote de medidas que impactam de certa maneira a vida dos empreendedores. O que o senhor pensa sobre a iniciativa?
Claro que é bom quando essas iniciativas são propostas. O único ponto é que elas têm de ser constantes. E não podem parar nisso. Veja o desequilíbrio das contas públicas, por exemplo. Isso afeta e muito o empreendedor porque cria um quadro de incertezas, de depressão mesmo que afeta o investidor, o consumidor e, por fim, as empresas.
Qual seria a solução?
Nós temos tantos bons exemplos de organizações de inovação espalhadas pelo país. São incubadoras, parques tecnológicos, aceleradoras. Esses são os verdadeiros bolsões de oxigênio para o futuro do nosso país. Mas a verdade é que os bons exemplos são poucos. Tínhamos de criar condições para que os bons exemplos não sejam uma exceção, mas a regra.
E como fazer isso, então?
É preciso pensar numa sociedade mais aberta, mais flexível, uma economia alicerçada na ciência, na tecnologia, nos jovens com potencial de transformar o mundo. Normalmente o que acontece com os jovens brilhantes que atuam com ciência e tecnologia aqui? Eles vão para o exterior. Eles aceitam ir para o exterior porque lá eles encontram investimento, estrutura e reconhecimento.
Entrevista publicada no portal Pequenas Empresas Grandes Negócios, clique AQUI para acessar.
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