Professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV) há 35 anos, Paulo Tadeu Arantes é graduado em Arquitetura e Urbanismo e mestre e doutor em Estruturas Ambientais Urbanas. Presidente do Comitê Científico da Conferência Anprotec desde 2012, Arantes também atua como consultor ad hoc do Instituuto Presbiteriano Mackenzie, da Triple Haelix Association, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal). É autor do projeto arquitetônico e urbanístico do TecnoParq, ex-diretor do Centro Tecnológico de Desenvolvimento Regional da UFV (Centev) e já ocupou a vice-presidência da Rede Mineira de Inovação (RMI). Nesta entrevista, o professor explica a importância da chamada de trabalhos e quais a expectativas para as sessões interativas, atividade na qual os autores selecionados apresentarão seus trabalhos.
O evento deste ano está pautado na sustentabilidade dos ambientes de inovação, destacando o empreendedor como protagonista da nova economia. Qual é a importância de se promover uma chamada de trabalhos que reúna artigos e boas práticas relacionados a essa temática?
Sustentabilidade é um tema recorrente hoje, não importa a perspectiva em que ele é abordado. O sinal de alerta para que tenhamos mais atenção com as nossas práticas, hábitos e costumes já foi dado há algum tempo, mas só agora entramos numa fase crítica, principalmente quando o assunto é água e energia, dois temas que clamam uma mudança radical, planeta afora. É nesse sentido que aparece a figura não apenas do cientista, do pensador mas também do inovador e do empreendedor, afinal de nada adianta gerar conhecimentos sem transformá-lo em novas soluções que priorizem a redução dos impactos indesejáveis ao meio ambiente, cujas causas são as mais diversas. O empreendedor é parte dessa cadeia, na medida em que é ele quem irá colocar no mercado as ideias que surgiram nas bancadas dos laboratórios, nas teses e nos demais trabalhos acadêmicos. E aqui estamos falando de um empreendedor diferenciado, de um profissional que seja capaz de transformar ideias em negócios, que seja capaz de gerar riqueza a partir do conhecimento. Isso,não é tão simples assim, uma vez que ele opera num outro contexto econômico, qual seja no contexto da nova economia, ou economia do conhecimento, onde o fator risco é ainda maior. Enfim, na leitura dos trabalhos recebidos, pudemos identificar que a preocupação com a sustentabilidade e com temas relacionados a essa nova economia já contaminaram o nosso movimento e, com certeza, poderemos dar a nossa contribuição no sentido de buscar novas alternativas de enfrentamento destas questões.
Como estão os trabalhos aprovados neste ano? A expectativa do Comitê Avaliador foi atingida?
Desde 2012, temos recebido uma média de 150 trabalhos por ano. Neste ano, por exemplo, foram 154, oito a mais do que no ano passado. Desse total, tivemos 126 aprovados, dos quais 91 foram submetidos. Isso é um indicador importante quando se quer fazer uma avaliação qualitativa dos trabalhos submetidos, pois com mais trabalhos, aumentam também as possibilidades de termos conteúdos melhores – algo que, por sinal, temos notado ano a ano. Segundo a nossa avaliação, essa melhoria da qualidade dos trabalhos tem a ver também com uma maior maturidade do nosso movimento. Hoje temos muito mais gente não apenas fazendo, como pensando, refletindo, enfim, lançando novas ideias sobre ele. Isso, de certa forma, nos deixa confiantes de termos alcançado nossas expectativas, principalmente se considerarmos que as contribuições desses autores enriquecem, de forma bastante significativa, o debate acerca do que fazemos e do que poderemos fazer no futuro – nosso principal objetivo, enquanto comitê científico. Falta ainda, na minha avaliação, tornar nossa conferência ainda mais atrativa para o público acadêmico, cuja participação poderia ser muito maior do que a atual caso tivéssemos chancela Qualis da Capes. Isso já está nos planos do comitê para os próximos eventos!
E para as apresentações nas Sessões Técnicas Paralelas, Fórum Interativo e Pitch Session, o que é esperado?
Esperamos que elas possam cumprir o papel que cada modalidade tem, como facilitadoras do compartilhamento de ideias e de experiências das pessoas envolvidas com as diversas temáticas que hoje fazem parte do nosso movimento. Chamo atenção para a Pitch Session, que é uma novidade implementada pela primeira vez no ano passado, seguindo um formato já adotado pela IASP, que substitui a tradicional sessão de posteres. Havíamos percebido uma sensível diminuição do interesse das pessoas pelo formato anterior. Apostamos nesta nova maneira de comunicar, mesmo considerando que ela exige, de cada um de seus participante, um treinamento de como dar o seu recado em um tempo bem restrito, tornando essas seções mais dinâmicas e ágeis. Os resultados do ano passado superaram nossas expectativas, o que nos motivou a repetir neste ano. Vale ainda ressaltar que eventos técnicos científicos são momentos extremamente importantes, principalmente pela oportunidade que eles oferecem para um contato mais próximo entre as pessoas, permitindo uma extensão desse intercâmbio de ideias que a programação oficial oferece para o plano das experiência de vida que cada congressista carrega. Dessa forma, entendemos que proporcionar um ambiente que fomente esses encontros é de suma importância para que os propósitos dos eventos sejam atingidos na sua plenitude. Estamos abertos para receber críticas e sugestões que possam nos ajudar a aprimorar a organização.
* Foto: Arquivo pessoal