A tarde do segundo dia da 34ª Conferência Anprotec começou com o painel “Cidades Inteligentes – Fortalecendo competências locais e planejando o futuro”, que abordou como as cidades podem se desenvolver de forma sustentável utilizando as capacidades locais já disponíveis. A mediação do painel foi feita por Paula Faria, da Connected Smart Cities.
O painel reuniu profissionais que atuam em projetos e ações para que as cidades se tornem funcionais ao desenvolvimento sustentável, social, econômico e tecnológico. Um dos desafios dos tempos atuais é a transformação do território com a inovação tecnológica e social, o que também representa uma oportunidade para profissionais de diferentes setores.
Para os participantes, os ambientes de inovação desempenham um papel essencial no apoio à criação de soluções inovadoras e sustentáveis que melhorem a qualidade de vida da população. Ambientes de inovação e startups podem ser peças-chave no desenvolvimento de uma cidade inteligente ou território. “A construção de uma cidade inteligente parte de uma ação de diversos atores”, destacou a mediadora Paula Faria, reforçando o trabalho conjunto de ambientes de inovação, governo, universidades e sociedade.
O painel recebeu Cláudio Marinho, figura fundamental na criação do parque Porto Digital de Recife e que hoje atua como consultor na Porto Marinho. Ele propôs que, ao invés de uma cidade inteligente, os profissionais devem buscar por um urbanismo inteligente. “Nós construímos narrativas sedutoras para o futuro”, disse Marinho. O palestrante ainda comentou sobre a necessidade de as cidades também serem acolhedoras além de habitáveis, referenciando a proposta de cidades mais “loveable” do que “liveable”.
Em sua abordagem provocativa, Marinho questionou o conceito de “cidades inteligentes”, afirmando que “não existem cidades burras” e destacando que o verdadeiro foco deve estar em “cidadãos inteligentes e hiperconectados”. Ele defendeu um urbanismo mais conectado, onde o poder público se insere digitalmente na vida dos cidadãos, e valorizou a ideia das “app cities” – cidades moldadas por aplicativos que atendem às necessidades cotidianas de forma dinâmica e acessível.
Outro profissional que compôs o painel foi Ghissia Hauser, do Cluster ECOAR da UFRGS. A palestrante apresentou os trabalhos realizados no território com os catadores de lixo em uma área onde a distribuição é irregular e, com aprendizado, os moradores foram incluídos no desenvolvimento da região. Ghissia destacou que esse projeto usa a economia circular como base para uma produção e consumo sustentáveis, reduzindo os impactos no meio ambiente.
Para completar a discussão, o painel contou com César Panisson, do TecnoUCS. O palestrante enfatizou a necessidade de mudar a mentalidade para que a inovação possa atuar no território, utilizando as competências já presentes no espaço. Além disso, César ressaltou a importância de conexões com outros ambientes de inovação na região, para que todos possam trabalhar juntos pelo desenvolvimento comum. “As pessoas precisam se conhecer e reconhecer”, concluiu o palestrante.
A Conferência Anprotec 2024 continua até 5 de dezembro, com uma programação diversa que inclui workshops, painéis e a apresentação de cases de sucesso. O evento é realizado pela Anprotec em parceria com o Sebrae, sediado no Parque de Inovação Tecnológica de São José dos Campos, e conta com o apoio de patrocinadores como Finep, CNPq, Confea, Crea e Mútua.