“Desequilibrados, não vamos longe”, comenta palestrante sobre a geografia da inovação no Brasil

O último dia de palestras da 34ª Conferência Anprotec foi marcado pela “Plenária 03: Geografia da Inovação – Território e Inovação no Brasil no Século XXI”, com mediação de Públio Vieira Valadares Ribeiro, do MCTI. A atividade buscou discutir como o território brasileiro, com suas dimensões continentais e diversidade regional, pode fomentar a inovação de maneira equitativa, promovendo o desenvolvimento sustentável. “O desafio do Brasil é descentralizar esse sistema de ciência”, comentou o mediador em sua fala de abertura. 

A plenária contou com a participação de Gesil Sampaio Amarante, representante do Fórum de Gestores da Inovação e Transferência de Tecnologia (Fortec), que destacou as fragilidades causadas pela falta de simetria nos ambientes de inovação de diferentes regiões do país. “É uma fragilidade muito grande no território essa falta de simetria”, afirmou. Ele enfatizou a importância de políticas públicas para descentralizar os ambientes de inovação e explorar as potencialidades locais.

Em consonância com essa visão, Helmo Basso, representando o Sebrae de São José dos Campos, apresentou as iniciativas desenvolvidas no estado de São Paulo, destacando os esforços da instituição em construir uma estrutura conectada para ampliar a difusão da inovação nessa área. “Nosso objetivo é criar uma espinha dorsal que integre os diferentes ambientes de inovação e expanda as oportunidades para mais regiões. A capilaridade é fundamental para garantir que a inovação não fique restrita a poucos polos”, afirmou.

André Carlos Busanelli Aquino, da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo, destacou os resultados positivos que emergem da relação entre inovação e território. Ele ressaltou que, embora os ambientes de inovação no estado sejam amplamente concentrados no eixo da Rodovia Anchieta, há um esforço contínuo para expandir essa rede. “De alguma forma, os resultados de inovação estão relacionados com as relações do território”, reforçou.

Francisco Saboya, convidado especial da plenária, destacou a importância de repensar os territórios para que sejam mais inclusivos e centrados nas pessoas, valorizando competências humanas em vez de priorizar exclusivamente aspectos financeiros. “As cidades não foram desenhadas para pessoas, mas precisamos mudar essa lógica, descentralizando os ambientes de inovação e promovendo uma abordagem que coloque as pessoas no centro das soluções”, observou, reforçando a necessidade de humanizar tanto os espaços urbanos quanto os sistemas de inovação.

Os participantes da plenária concluíram que a distribuição equitativa da inovação é crucial para promover um desenvolvimento equilibrado no Brasil, beneficiando não apenas as instituições e empresas, mas principalmente a população. “Desequilibrados, não vamos longe”, sintetizou Gesil Sampaio.

Adriana Ferreira de Faria, presidente da Anprotec, também participou da discussão, reforçando o papel essencial dos ambientes de inovação para a inclusão e o desenvolvimento regional. “Os ambientes de inovação associados à Anprotec estão presentes em todo o Brasil, formando uma rede que busca fortalecer a capilaridade e atender às diversas realidades regionais. Estamos constantemente trabalhando para qualificar esses ambientes, oferecendo suporte e promovendo iniciativas que impulsionem o desenvolvimento sustentável e inclusivo em cada território”, destacou.

A 34ª Conferência Anprotec, realizada de 2 a 5 de dezembro de 2024 no Parque de Inovação Tecnológica de São José dos Campos, foi uma realização da Anprotec em parceria com o Sebrae. O evento contou com patrocínio da Finep, CNPq, Confea, Crea e Mútua, reunindo uma programação diversificada com workshops, painéis e apresentações de cases de sucesso.